quarta-feira, 20 de julho de 2011

Minuto alcoolico

Deu um, dois, três, quatro goles. Suspirou !
Cinco, seis, sete, oito. Riu !
Nove, dez, onze... chegou no doze, cambaleou, respirou e se segurou.
Quase caiu !

Pri Fierro

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lados...


Só precisava gritar em um texto !

O perigo mora quando você gosta de alguém e acha que vê o que ninguém consegue ver. Nem sempre isso é verdade. Quase nunca, ou nunca. No meu caso eu utilizo a palavra ‘nunca’.
Trocando de lado:
Eu gosto dele, só não consigo admitir. Tenho medo de dar um passo maior que o tempo. O que ele acha? Ainda não parei pra pensar nisso. Ando meio perdida. As coisas mudam sempre de lugar, acho que a culpa é minha. É minha. Mas quando eu vou acertar as coisas, eu peco no egocentrismo. A verdade não pode sair dos meus lábios, eu sinto fome delas mesmo que me causem ânsias, ao ponto, de ninguém mais conseguir ficar ao meu lado.
Eu gosto dela, nunca me permiti a dizer isso, e hoje eu consigo até mesmo soletrar essa palavra. Veio como uma necessidade, um conforto, eu acreditava, na verdade eu passei a acreditar. Era feroz e brando, conseguiu ser tudo em uma coisa. Estava guardado aqui dentro, e só te olhar eu acabei contando tudo para todo mundo. Errei bastante.
Agora: Não tem mais agora, os dois não acreditam mais em nada, a covardia escapou entre seus dedos, o que restou foi apenas um espelho, e de fundos papéis e fotos pendurados na parede. E no chão? O chão tinha se perdido. Não tem mais o chão! Agora era escolher quem iria para o próximo andar ou sairia pela porta dos fundos.

Thatiane.oc

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dizia...



Desde muito pequena queria salvar o mundo. A obcessão começou quando viu seu vizinho, alguns anos mais velho, salvar um gatinho perdido na rua. Dizia 'obcessão' por planejar, desde então, esse tipo de coisa em sua cabeça, a cada passo que se atrevia a dar na terra. Parecia capaz de fazê-lo, afinal, desejava com uma euforia no peito que ninguém poderia imaginar, dessas de fazer sambar os pulmões e torcer o estômago em mil borboletas brancas. O mesmo sentia quando via o vizinho, ex salvador de gatinhos. Foi seu primeiro amor. Dizia que era seu 'amor' por entender muito pouco sobre o assunto. Assim, desde que descobriu que o amava, sonhava em salvar o mundo com seu vizinho mais velho. Mas a menina cansou daquela coisa toda de coração e, logo que cresceu, quis salvar o mundo sozinha. Sozinha porque se via capaz de salvar mais mundos que aquele seu vizinho, que a fizera chorar. Dizia 'sozinha' por achar que só assim conseguiria ir e vir, sem ninguém levar.

Desde muito pequena cometia enganos com ela mesma.

Crescendo, viu que nada salvara. O vizinho havia feito a vida, e ela ? só a havia seguido. Não salvou gatinhos nem nada do tipo, mas seguia a enganar-se com ela mesma, sozinha. Queria sozinha, de fato, mas o fato de não conseguir ir sem vir ou, ir sem levar, atrapalhava todos os seus benditos planos ! Tudo parecia muito confuso nessa história de crescer e salvar ao mesmo tempo. Sem falar na parte de 'amar', que parecia não ter nenhum tipo de lógica no planeta. Um dia o vizinho virou um amigo, e um amigo virou um conhecido, e o conhecido virou ninguém. Foi quando ela se perdeu no amor e não soube mais o que queria ser: salvadora ou amante. Não soube, queria poder agarrar gatinhos perdidos e levar vizinhos sem que nada disso tivesse algum dano. Mas aquilo de enganar-se com si propria seguia de uma maneira que, com gatinho ou sem vizinho, dizia uma coisa e logo fazia outra.

Dizia 'fazer' mas nunca fazia.

Acabou que não soube pra onde andar. Tentou aqui, tentou ali, desejou acolá, mas nada de salvar, nada de gatinhos, nada de vizinhos, nada de deixar de se enganar. Nada ! Resolveu, então, abrir mão da obcessão, que passou a ser um desejo, e esquecer o vizinho, que viu que nunca chegou a amar, para, enfim, poder correr o céu que parecia lhe esperar cheia de gente que não sabia voar.

O problema ?! Ela não tinha idéia de como bater as asas.
Foi então que caiu... e ninguém veio levantar...

Pri Fierro (dos textos antigos feitos novos)

Agorinha.



sapilcava amarelo esperando que o rosa se destacasse, salpicava, salpicava, salpicava.
o dedinho indicador cortado de dor, salpicava, salpicava, salpicava.
pegou o azul mais claro esperando que o preto ficasse mais bonito, salpicou, salpicou, salpicava.
o coraçãozinho batendo igual um tambor, salpicava, salpicava, salpicava.

o mundo parecia desaparecer, então, salpicou, salpicou, como nunca salpicava até que tudo voltasse a viver.

Pri Fierro (as rimas não foram propositais -ruins, mas não propositais)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Anseio



- O que você sente?
- Eu sinto.
- O que você quer?
- Eu quero.
- O que você vê?
- Eu vejo.
- O que você faz?
- Eu faço.
- O que você come?
- Eu como.
- O que você escreve?
- Eu escrevo.
- O que você me disse?
- Já foi dito.
- O que é retórico?
- É você e essa conversa (cansei).

Obs.
- E do que você tem medo?
- De quando as perguntas mudarem.


Thatiane.oc

domingo, 10 de julho de 2011

Uma droga.



Suas pupilas.. Dilatadas. Sua boca.. Seca. Sua fome.. Enorme. Sua visão.. Turva.
[suspiro]

As cores.. Fortes. O vento.. Toca. Seu nariz.. Escorre. Sua veia.. Sumiu. Sua língua.. Dorme. Seu hálito.. Doce.
[desistiu]

- Me diz, o que você andou usando ?
- Saudade.

Pri Fierro (eu, saudade. você, saudade. ele, saudade. ela, saudade. eles, saudade. ê, saudade !)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Abecedário.



Cada Letra tem o seu Lugar.
Cada Lugar, que tem uma Letra, faz chegar em uma Palavra.
Se misturar tudo pode dar outra Palavra.
Se faltar uma Letra, pode chegar à nenhum Lugar.
A Palavra que tem um Lugar, só tem Lugar, por causa de uma Letra.
Então, essa é a única regra:

encontre um Lugar para sua Letra e forme sua Palavra
do jeito, do tamanho, da maneira e significado que você quiser.

Pri Fierro

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre o tempo




Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac.

Tudo passava rápido. E ela queria voltar no tempo e aproveitar a cada segundo. Até que um dia acordou e se enfureceu, pois se dava conta que o tempo não tinha parado, e sim ela. Ainda havia tempo para fazer algumas mudanças. Ou até mesmo ver todas as cores que estavam gritando.

Colocou sua melhor roupa, e apenas dançava. Dançou com o tempo, com seus medos, com as cores e de fundo tocava sua música favorita.O dia havia começado, finalmente.

Thatiane.oc

O vazio




- Eu te...
- Eu também, amor.
- Mas, eu ainda não falei nada.
- Mas ia dizer, e sei o que você sente. Eu também te amo. 
- Você já vai dormir?
- Já estou.

Ela virou para o outro lado da cama, apagou o abajur, fechou os olhos e as lágrimas caíram. Não conseguia dizer mais nenhuma palavra.  

Thatiane.oc