quarta-feira, 31 de agosto de 2011

E só quis dizer.



- Oi.
- Oi...
- Eu só quero te dizer,
- Eu já sei, não precisa nem...
- que eu gosto de você.
- Oi ?
- Eu ainda gosto de você.
- Você tá dizendo que..
- Eu não deixei de gostar de você. Aliás, dói gostar muito de você e não poder nem sorrir com você..
- Calma !
- E mais, gostar muito de você e não poder falar com você !
- Mas...
- Gostar muito de você e não poder beijar...
- Melhor parar...
- Só não quero que você pense errado ! Tô seguindo, com mil vasilhas de água nos ombros, mas..
- Não vou pensar.

Pri Fierro (dialogando dentro de diálogos antigos pra caramba, achados no meio de uma bagunça)

domingo, 28 de agosto de 2011

Samba e poesia




É samba e poesia. Estou tentando descobrir os detalhes da aproximação. Veio e já se foi. Queria conseguir me aproximar, e também falar. Perco a voz. É estranho e bom. Se apaixonar é uma coisa de um dia, e que eu queria que durasse para sempre.

Perguntei para ele sobre você. Então ele me disse apenas as coisas mais pequenas. Essa proibição está fazendo o perigo se tornar o melhor dessa história. Mas não me deixa conseguir acalmar qualquer que seja a minha vontade. Como me aproximar? Eu nunca soube fazer isso. Sempre preferi ficar de lado a me expor. Vou tentar dessa vez. Mas são tantas as proibições!

Quando volto da faculdade, você está indo para o trabalho. Enquanto estou nas festas você está voltando delas, e ás vezes, escolhendo um filme para ver sozinho em casa. Disseram-me que você pode me fazer sofrer. Pode ser. Acho que chegou a hora de amar. De ter as coisas boas sem cobrança, de apenas sentir. É bom respirar essa tranqüilidade. Meus sentimentos tem sido samba e poesia. A melodia do samba não me faz esquecer o passado, mesmo vivendo o futuro. Minha determinação e maturidade chegaram. E a poesia me faz acreditar nos sonhos.

Quando escuto um samba, eu não consigo não senti-lo por inteiro. Dá-me vontade de dançar. Quando escrevo uma poesia é como se eu tivesse o mundo em minhas mãos. Eu posso escrever qualquer coisa que se tornará realidade. Posso ser uma sonhadora quando eu quiser, é a minha poesia.

Não consigo escrever mais. Fiquei olhando para esse texto por volta de 1 hora. E não consigo entender o que estou sentindo. Mas vou atrás dessa vez, tenho duas escolhas. Elas serão sempre um segredo. Talvez também sejam seus. (No fundo eu torço para que sim também)

Pode ser que eu esteja andando sozinha, mas como nunca foi do meu feitio ficar parada, vou tentar te encontrar. Se a porta se fechar, tudo bem. Eu ainda estarei lá. Infelizmente ninguém está nos ajudando. Queria que as pessoas entendessem que eu posso cair, porque vou me levantar. Machucada, mas eu vou.
Gosto de sentir o samba e a poesia nas coisas boas e novas.

(Eu escrevi, escrevi, escrevi, apaguei, escrevi e não consegui entender o que quero disso.) 

(Dona da minha cabeça - Geraldo Azevedo) 

Thatiane.oc

sábado, 27 de agosto de 2011

Alma!




É difícil de encontrar pessoas como você no mundo. Encontramos essas pessoas apenas em sonho. Não porque talvez sejam perfeitas, mas sim, pelo fato de que em nossos sonhos colocamos apenas as coisas boas. E são essas que valem no final. E eu adoro sonhar!

A nossa relação começou no dia que apenas nos olhamos, e já riamos do que não era nem preciso falar. Lembra? Isso não é uma coisa comum de encontrarmos em quem conhecemos por tão pouco tempo. Foi um laço criado pela nossa alma. Não precisou esforço, só um olhar.

Mas o convívio não é tão fácil assim, infelizmente. Mas ele nos ajudou a nos aproximarmos cada vez mais. E agora, o que faremos com a distância? Essa contradição está me corroendo por dentro. Sinto falta das suas risadas altas, do seu mau-humor, de apertar sua barriga, rs. Sinto muito a sua falta. E só falta. Principalmente de te ligar quando eu estava desesperada, e você SEMPRE me entender. Era uma relação estável e aconchegante. Eu gostava bastante. Mas chegaram os compromissos e essa tal de distância, e acabamos nos perdendo nela.

Sinto-me perdida ainda, mas quando eu olho para você, mesmo que passem dias sem nos falarmos, eu consigo ver a mesma pessoa por quem eu me apaixonei, a minha melhor amiga. Um pouco clichê isso, mas os clichês também fazem parte. E acho que preciso de você no mundo. Porque não sei como seria acordar e saber que pessoas como você não fazem parte dele. E você para mim é isso. É o contato essencial, é o que faz parte de mim. Sempre que me despeço fica uma parte minha em você. Seria tão bom agora poder te abraçar beeeeem apertado. Obrigada por tudo. Obrigada, obrigada, obrigada...

É ótimo olhar e ver que somos o que temos de presente e ausente ainda em nós. Te amo muito, e hoje não é apenas seu aniversário, hoje é mais uma marca do dia que iremos nos lembrar e rirmos muito sobre todas as coisas. Você é minha melhor amiga, minha irmã, minha cúmplice. E a cada dia que passa tenho mais carinho por você. Que hoje e sempre você tenha todas as energias boas e a paz que você tanto busca. E farei o impossível para aprender a lidar melhor com nossos defeitos, virtudes e essa tal de distância.

Te amo, e isso basta para todo os dias. Quero te ajudar e cuidar de você.

Obs. Assim terminou mais um dos rascunhos que eu tentei colocar em palavras todos os meus sentimentos. Coisa difícil essa de se fazer, não é? Ainda mais quando se trata de pessoas especiais.

De: Thatiane.oc
Para: Pri Fierro

Thatiane.oc

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Rascunho




Eram pequenininhos. Eu queria só entrar no mundo, ou ele em mim. Queria só fazer parte. Sinto-me fraca quando tenho esses sentimentos. Um sentimento de culpa. De talvez por não ser capaz. Sinto-me culpada por sentir isso.
Queria terminar de chorar para sorrir novamente. Ter ao meu lado aquelas pessoas que eu sonho sempre. Eu acordo e estou sonhando, eu durmo e estou vivendo. Ficou assim.
Meus desejos eram tão pequenininhos que eu queria que todo mundo olhasse para eles. Sentia-me incapaz. Talvez incapaz de tê-los. Pode estar tudo atrás da minha insegurança e dos meus medos, mas eu tenho uma dose grande de teimosia e de ansiedade. Ora me atrapalha, ora não (quase sempre atrapalha).
Guardarei esse pedaço de papel rasgado em um lugar onde eu não possa mais ver. Pois se eu ler isso amanhã, já não fará mais sentindo.
Agora vou dormir para viver um pouco. E engolirei a seco a rejeição de sonhos pequenininhos ao respirar o mundo e as pessoas.
(As opiniões tem um valor maior do que seus próprios sonhos, apenas ela não conseguia ver isso. Ou se enganava. E se sentia tão pequenininha quanto seus sonhos)
“Não sei o que quero e, quando descobrir, não preciso mais. Acho que quero entender. Quando escrevo, vou descobrindo, aprendendo. É um exercício de aprendizagem da vida.”
 – Clarice Lispector

Thatiane.oc

domingo, 21 de agosto de 2011

Leia sorrindo.


"Não tem importância, deixa eu te abraçar só um minuto ?! Só um minuto. Juro que se você não quiser sentir mais o meu cheiro me afasto e viro o vento pro lado de cá. Já chega desse exagero meu, braveza e chateação acabam se afogando na ternura do seu rosto. Não é amor, não se assusta, não vou te amarrar nas pernas da mesa de casa e te obrigar a ficar comigo ! Só quero essa amizade de cervejas, pernas e gostos que a gente tenta manter, de tempo em tempo, quando queremos dividir devaneios e sentir lábios desconhecidos, porém, conhecidos. Só quero se você também quiser. Não faz mal, minha ressaca já passou. Eu sempre disse que vontades não se explicam, menos se justificam. Já te mandei a merda em pensamento, mas a mania de saudade não deixa eu beber essa garrafa de 'te superei' que tenho guardada no armário ! Quem sabe o por quê disso. Vem, vai, tira essa dúvida sem medo, porque você nunca foi de ilusões por mais que se reserve grande parte do que pensa ! Diz tudo na cara, como se fosse um tapa, se não quer mais nada. Mas diz, fala e deixa eu te abraçar só por um minuto pra dizer um 'até logo' medíocre, já que se a gente se esbarrar por aí não vou poder evitar rir e sussurrar um 'imbecil' quando você disser aquele 'oi' característico. Ei, gosto de você, e insisto em não colocar seus defeitos na ponta dos dedos por simples gosto de preferir admirar suas qualidades humanas e olhos que tudo veem e boca que nada diz. Se os meses mudaram suas vontades nada posso fazer, eu sei, é tão natural quanto uma mudança de estação ! Por mais que nos dias de hoje, o inverno se perca no verão. É, meu gosto não é tão viciante quanto parecia ser no começo de tudo, né ? Não importa, talvez a gente fique sem se falar, talvez tudo seja exagero e você aceite a cerveja que quero te propor por meio de prosa. Talvez demore mais um mês, talvez tenhamos que nos encontrar ao acaso, com o alcool viajando rápido pelas cabeças, você derrubar mais uma latinha de cerveja e não discutirmos merda de relação nenhuma porque, discutir relação são para aqueles que tem uma relação desejando exclusividade, de cercas brancas e filhos limpos. Relação ?! Não, lembra ?! Eu te disse já. Amizade. Só que com pele, cheiro e gostos que se mesclam e se perdem em noites escondidas, lugares cafonas e edredons quentes, que recolhem cheiros e insistem em me lamentar 'ah, cheiros'. Vai, já beijou, já foi ! Não consigo saber que você possa ter se sentido mal, queria te confortar e é um erro. Não é falta de amor próprio, talvez nem você enxergue isso, mas eu vejo diferente. Talvez você também veja diferente, nessa cabeçorra pensante que quer o mundo todo ao mesmo tempo ! Vai, fala logo, decide e não fica brava por eu colocar aqui, é questão de saúde mental enfiar pra fora de mim essas palavras. Vai, me lê ! Cerveja ? Minha casa ? Última vez ?"

Pri Fierro (série de bilhetes que talvez não devssem ser mandados.)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ausência e encantamento




Não era para ter significado algum. Era conveniente, tanto para mim quanto para você. Talvez mais para mim. Cheguei naquela festa onde eu não conhecia ninguém. A única pessoa que eu conhecia no mundo, já tinha partido. Eu não sei bem porque, mas não tinha importância alguma eu estar ali naquele momento. Não vejo que tenha sido o destino. Eu só estava ali. Nada mais para fazer.

Então outros caras chegaram, e eu só queria ficar sozinha. Eu não tinha mais paciência para conversas sem fundamento. Você chegou com um copo de drink, eu tinha parado de beber, porque já estava perdendo meus sentidos. Perder-me é algo que nunca permito acontecer. Nunca deixo ninguém se aproximar. Não gosto de gente perdida. Então não me perco.

Mas o que é se perder? Não sei ainda.

Ainda assim, resolvi aceitar seu drink. Tinha notado o quanto você estava ausente naquela festa, assim como eu estava. Acabou me chamando atenção. Não precisamos de muito tempo para nos entendermos.

Os dias se passaram e você me deu toda atenção que eu já não acreditava mais. Ou acreditava, mas achava uma perda de tempo. Até que um dia você não me ligou, e eu notei que essa atenção não era mais perca de tempo. Talvez eu tenha me precipitado com algumas palavras, ou você não tenha entendido. Não tenho paciência para isso. Estão sempre me interpretando. Por que não me pergunta direto? Não era um sentimento, ou uma paixão. Era qualquer outra coisa que me fazia bem.

Mas as pessoas estão sempre pensando e achando. Talvez tenhamos sido deixados de lado porque você só esqueceu dos dias anteriores. Ou talvez você tenha achado que estava indo longe demais. Ou também pode ter sido o fato de você achar que eu estava indo longe demais. Ou talvez... É, têm tantas outras coisas que podem ser, que já não quero pensar mais. Não tem necessidade. Tanto faz.

Tenho certeza que minha ansiedade não foi porque era amor ou só gostar. Foi um encantamento que iria acabar. Eu só queria ter me deixado levar mais pelo tempo. Agora já te deixo de lado, pois não gosto de andar onde o chão pode desaparecer a qualquer instante. Eu gosto da segurança.

Você ainda me liga aos sábados. Mesmo quando está com ela. Mas agora que eu tinha ido embora, você me procura. Afinal, não é o sábado que é nosso, e sim a lua que é nossa. E aos sábados a lua está sempre mais bonita. Eu sinto o aconchego dela. Sua luz me encanta. A lua não precisar estar sempre por perto, mas ela está lá.

Qualquer dia aceitarei te encontrar novamente. Apenas quando eu conseguir ter confiança. Não é esperança, muito menos cobrança. É fazer haver um sentido no dia seguinte. Acho que vale à pena correr esse risco de me perder por um instante. Sentia-me ótima conversando com você. Meus amigos não gostam muito disso, ninguém confiava em você. Mas não gosto de palpites. Eu só gostava da sua companhia. Você acreditava em mim. Fazia-me rir. Fazia-me ser sempre quem eu era. Mas no dia seguinte eu já não era mais eu, pois tinha receio de demonstrar qualquer coisa ou de não demonstrar nada. Talvez você não entenda o que eu queria. Mas eu sei que era especial.

Deu para entender? Quero poder sentir isso sem medo. Pela primeira vez, senti algo diferente, nem maior e nem menor. Muito menos amor. Com você eu realmente me sinto confortável ao risco.

E de lembrança deixei minhas palavras ausentes para você. Acredito que ainda as tenha.

Thatiane.oc

O medo e suas flores




Todos sempre matêm uma opinião. Eu dei espaço para elas. Não sou como um cristal. Mas carrego cristais comigo, e cada lágrima minha vem de um pedaço do meu cristal que foi quebrado. Faço questão de carregar as partes quebradas. Nem sempre consigo pegá-las. As partes quebradas são para recordar que eu estou viva. Elas estão sempre bem escondidinhas.

Tenho que aceitar que não tenho controle sobre o mundo, e que sim, é impossível agradar a todos. E que existem flores que querem roubar meus cristais. Não vou deixar que isso aconteça mais uma vez. Decepcionei-me com flores falsas. E só notei que elas existiam quando vi que elas nunca mudavam nas estações. Realmente me deixaram para atrás. Não acreditava em tal frieza. Flores dissimuladas, venenosas e de mentira.

Agora consigo escrever sobre elas, pois passei a cultivar melhor meu jardim e esconder bem meus tesouros.   Consigo rezar para que o tempo esteja em seu favor e elas se tornem flores de verdade, e não apenas inveja e rancor.

Apenas cultivo meu jardim, e espero sempre por uma nova flor.                   

Ainda assim, tenho receio de que as flores que me fazem mal continuem vencendo. Acredito na força divina. Acredito na lei da "Ação e Reação". Mas até quando irei só apenas acreditar? Queria ter um pouco de certeza, pois essas flores estão tirando a cada dia meus cristais. Estão roubando minhas sementes. Tenho medo. Medo também de me tornar fria como elas. 

Thatiane.oc

1 coração e 2 sentimentos




Estou apaixonada. Parece um erro. Apaixonada por tudo que me faz bem. E deixo de lado o que não me acrescenta nada. Não há como negar que me sinto atraída pelo que me faz mal. Mas é um mal diferente. Não ao ponto de torná-lo confiante, mas ao ponto de torná-lo necessário. Adoro escrever sobre você. Adoro. Mas me sinto culpada por não poder escrever mais só sobre você.

Enquanto decidíamos o que iríamos fazer, eu deixei a porta aberta. Fiquei distraída enquanto esperava você se perdoar pelo passado. Eu poderia te fazer feliz. E agora entraram sem avisar. E não sei como te dizer que meu sentimento está dividido. Eu sempre acreditei que era possível amar duas pessoas. Mas não imaginei que fosse acordar com esse sentimento. E agora eu tenho dois sentimentos iguais por duas pessoas. Deveria eu te enviar uma carta contando tudo? Você entenderia? Me perdoaria? (Talvez você leia esse texto)

Eu te dei todo espaço possível. Coloquei toda a culpa para cima de mim. E a resposta disso foi eu me sentir mais sozinha ainda. Não quero mais me sentir assim. Quando te conheci eu não acreditava em nada. Até que descobri que posso sentir muito mais do que as pessoas acreditam que sou capaz. Poderia ter dado certo. Tiveram momentos que só de te tocar bastava. Você me dizia coisas que só a gente entenderia. E agora? Já não consigo te entender mais. Talvez seja melhor ter esta página como um rascunho.

Quando eu acordo me pergunto se valeu à pena ter corrido esse risco por outra pessoa. Mas você poderia ter notado que eu estava me deixando para trás. Você poderia ter fechado a porta.

Quando eu acordei, ele é quem estava comigo, e não você. Com ele não sinto presa. Mas também tenho medo de dizer para ele que amo outra pessoa. Afinal, como isso é possível? Apesar de não nos conhecermos muitos bem ele me deixa a vontade. O mal dele me faz bem. Ele faz questão de não me deixar de lado. Era isso que eu precisava. Que alguém visse que eu preciso ser cuidada. Cansei de só cuidar dos outros. Sinto falta do seu olhar, mas agora ele me tem em seus braços de tal forma que consegue me deixar sem ar.

Como é possível amar duas pessoas? Como?

Você foi embora sem selar o que tínhamos, e agora voltou sem avisar. Não é justo que na manhã seguinte eu nunca vá saber se você ainda estará comigo. Não é justo com ele. Comigo também não deveria ser, mas esse é o mal que se tornou necessidade. Não sei dizer 'não'para você. Sempre que me chamar estarei ao seu lado. 

Mas o que faço com ele? Ele já pegou um pedaço de mim. Eu sempre soube ficar sozinha. Mas agora não tenho mais espaço para isso.

Terei que escolher um dia, não é mesmo?  Vou escolhendo a noite.
(Ao som de Adele) 


Thatiane.oc

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aos amantes.



- Ó, olha aquela trilha de luzes que aponta para uma única brilhante.
- Vejo.
- Tem seu nome..

A grama usada de colchão, para os amantes noturnos, era molhada pelo sereno que vinha da serra. No meio daquela cidade caótica, um pouco de sussego só era encontrado longe, perto das planíces choronas da madrugada. Não sabiam nada de astrologia, mas inventavam os nomes e constelações, entre risos, carinhos e qualquer coisa que poderia surgir durante a estadia daqueles dois corpos.

- Isso é mentira !
- O mundo é nosso, e eu invento o nome que quiser.
- Tá, então.. vê aquelas três estrelas juntas ?
- Vejo...
- Tem seu nome.
- Assim já é apelar, aquelas são as Marias..
- O mundo não é nosso ?!

Sim, o mundo era deles, dos amantes, os nomes lhes pertenciam, como as estrelas. Parecia que o tempo também acabara de se render às ordens de tais almas. Aliás, as galáxias seguiam os dedos amorosos que passeavam pelos corpos arrepiados, pelo vento que soprava na nudez de peles. Não se importavam, o calor respeitava suas ordens.

- E a bola gigante e brilhante ?
- Nossa.
- Como a gente pode chamar ?!
- Não sei..
- Posso chamar de minha ?
- Só se me chamar de sua.
- Minha.
- Sua.

Dos amantes.

Pri Fierro (tributo aos amantes perdidos por aí)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Coração rosa choque



Não entendia a tremenda dor de cabeça que herdara da mãe. Como se tudo fosse desabar, o corpo latejava e as pernas tremiam em um compasso de dor interna que ela, na época de descobrimento de seus sentimentos humanos, parecia não entender de onde vinham. Começavam nos dedos das mãos, passeavam pelas costas, subiam pelas coxas e explodiam na cabeça de fios negros, desesperados por um carinho de aconchego que perdera por motivos próprios. Pior ainda era guardar tudo para si, não sabia verbalizar a dor, se dirigia ao hospital mais próximo e quando o médico lhe perguntava o que sentia não sabia o que dizer. Apontava para a cabeça e fazia uma careta de dor absurda que o doutor, em toda a sua razão médica, não entendia e perguntava, insistente, obrigando alguma palavra. Depois de algumas tentativas desistiu, e resolveu usar a cama como refugiu, tentando se afastar de luzes, tv's, computadores ou qualquer coisa que forçava seus olhos trabalharem.

Passou a passar os dias olhando para o teto. Branco teto de dia, preto teto de noite. Não deviava o olhar nem por um segundo, como em uma hipnoze olhou para o teto por tanto tempo e por tantos meses que viu alí, em um reflexo alucinante, todas as suas descobertas sentimentais. Foi então que saiu da cama por um segundo, flutuando até encostar nesses sentimentos, e sentiu como todo o corpo se molhava em um líquido salgado e fino, tranparente como a água, escorrendo por todas as dores de seu corpo. Sentiu que tudo sumia e junto se foram as dores, a cabeça, as coxas, as costas e os braços. Sobrou nada mais que tronco.

Quando encontraram seus restos, decidiram retirar o coração para que fosse estudado meticulosamente. Porém, ao abrirem a cavidade peitoralm um chafariz azul turquesa jorrou pelo quarto, pintando todos os espaços e todos os estudiosos que alí estavam presentes. Como um pássaro, um coração rosa choque voou pela janela rapidamente, fugindo de qualquer tipo de busca de entendimento humano - ou médico, se protegendo da humanidade, e de qualquer sentimento mais.

Pri Fierro (pra variar, baseando-se na vida das amigas)