quinta-feira, 31 de março de 2011

Saudade.



A saudade lhe era um vazio interno grande.














Grande como um buraco negro, que só aumentava por consumí-la mais e mais... e mais... e mais... e mais...
Era um grito que ela não podia gritar; eram surdos todos os que lhe causavam a saudade.
Vazia, saudade, vazia. Detestava !

Pri Fierro (por pior que pareça, sentindo saudade estamos)

quinta-feira, 24 de março de 2011

O tentar refletir.




- Quando foi a última vez que vocês se viram ?!

O reflexo, bravo por ter sido rachado, lhe encarava sentido do que ela mesmo lhe fazia.

- Quando foi a última vez que ele te ligou ?!

Ela soluçou baixinho, não era motivo para chorar. Mas a maquiagem estava o suficiente borrada para negar os fatos, e o hálito de alcool marcava a ajuda necessária para desbocar o rio que corria por todo o seu corpo.

- Estúpida, ele não gosta mais de você !! E faz tempo !! Pensa, quando foi a última vez que ele disse ter vontade de te ver ?!

Outro golpe, com os punhos dessa vez. Líquido grosso, vermelho, sangue. Escorreu pelo braço como as lágrimas pelas bochechas. Muito drama para pouco espaço.

- Um dia você vai me agradecer por te fazer ver..

Enrolou a mão com uma camiseta. Se jogou na cama de casal que, naquela noite, seria de solteira. Soluçou uma última vez antes de cair em um sono ébrio, daqueles que renderia a ressaca mais monstruosa que ela juraria que tivera em toda a sua vida.

O reflexo seguiu parado, encarando, triste e bravo.
Não devia deixar-se cair por algo falho, fraco, passageiro.
O telefone não acordou nem uma e nem outra.. a secretária eletrônica recebeu a mensagem; silêncio.

Ele !? Covarde de sentimentos.

Pri Fierro (pegando a história da amiga pra escrever; ou, pelo menos, tentar escrever - e, pra deixar claro, desgostosa com o texto; minha amiga que me desculpe.)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Culpa



"Cansei da imparcialidade, das regras, de gente sem ter o que dizer, dos surtos alheios e principalmente da responsabilidade que carrego, ora porque eu busco, ora porque eu simplestemente as tenho. Sempre acho que é minha a dor do mundo. Queria de fato ignorar sempre o que não me faz bem, mas dessa vez não consegui. Cansei de quem vive sob confusões, sou apenas uma menina em busca de ser e nascer a cada dia." - 20/12/1967 - Anônimo

Aquela menina que escreveu o trecho acima ao rapaz tornou-se mulher, tendo dentro de si monstros ainda vivos, tudo estava escuro, talvez por isso as sombras eram maiores e pesadas. Agora precisava achar a estrela que a guiaria para a claridade, onde não havia culpa e obrigação de ser o que querem que ela seja.

O que é bom ou ruim? Sempre se perde nesses julgamentos, talvez o erro esteja ai, isso não existe! Cada momento tem suas escolhas feitas com sabedoria. Agora foi imposta a decidir algo que refleteria como um sol direto ao espelho, isso doeria sua visão e a de quem estivesse por perto.

O que era melhor a se fazer? A pergunta não caberia e nem sairia do seu corpo.

Não se reconhece mais, e não sabe onde foi que se perdeu, ou talvez nunca tivesse se encontrado. Não pede para sair apressadamente desta situação, mas busca força para sair dela com sabedoria, pois confia em Deus.
Falando nisso, onde esta ele?
Em uma manhã ela disse que ele habitou nela de uma forma que jamais iria embora, e dessa forma ela busca a compreenção em tudo, mas a questão é que ela buscou sempre o respeito, e hoje ele não está situado em lugar algum. (Na verdade ela esqueceu que ele deveria partir dela.)

Eu particularmente gostaria que essa dor não voltasse mais , pois vejo que está perdida como nunca. Já não sabe se as decições tomadas são as melhores, tem medo disso voltar contra aqueles que ela ama. Agora surgira sentimentos não reconhecidos por ela, sua mente estava um caos, e ainda assim a cobravam uma posição. Será o certo manter a imparcialidade, ou encarar e aceitar que não se pode agradar a todos, e que ás vezes a briga é necessario? (E eu me pergunto, isso é verdade mesmo) Mas ela sempre procura entender o próximo, por mais que a pessoa esteja errada ela acha que ela é a culpada pelas responsabilidades causadas pelas atitudes de ambas as partes.

Ela não sabe o que fazer, mas agora decidiu fazer uma limpeza, escreve sempre algo quando a deixa perdida, mas dessa vez não encontrou a paz que era trazida como presente por seus textos.
Segunda-feira já estava gritando, tudo começaria novamente. E o pior é que teria que cortar o mal pela raíz, pois mesmo que o surto de hoje passasse e tudo voltasse ao 'normal', amanhã ela saberia que o surto viria por outro motivo. O que é de mais triste para ela, é saber que as coisas poderiam ter sido diferentes, era visto como uma brisa leve que carregava o perfume de uma flôr, mas fizeram a questão de bagunçar o seu jardim, o por que disso não é cabivel ao nosso entendimento, pois não tem lógica!! Agora, ela ao mesmo tempo que está cansada, se agarra a todas as formas cliches e a fé em Deus para que as coisas se acertam, mas isso não tira a dor no momento. E acredita mais do que ninguém que conseguirá, só precisa de um tempo, pois nada está cicatrizado.
Ontem buscou em seus sonhos organizar os sentimentos, e hoje se vê perdida dentro dele. Eu a entendo, ela não está assim por uma questão particular em si, mas sim por um todo.

Tenho muito em comum como esta menina, sempre buscamos firmar está ideia:
 "E não rebato se disserem por aí que eu tô errado. Porque quem se debate está sozinho ou afogado. Eu que não fico no meio, não começo e nem acabo" - Ana Carolina


Por fim, ela dormiu pensando em Clarice Lispecto. Parece que ela recebe bilhetinhos da Clarice, tenho minhas dúvidas.
"Respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você." Clarice Lispector

Obs.: Hoje tento acreditar no que escrevi.

Thatiane.oc

segunda-feira, 14 de março de 2011

Rápido



As coisas correram como um dos trens do metrô, com pressa, depressa, ligeiros para viver.
Quando viu já se haviam olhado, se aproximado, conversado e se perdido entre beijos e amassos que, por alguns instântes, pareceram não ter fim.. por simples vontades mútuas de não terem fim.
Mais depressa foi a vontade que lhes invadiram, vontade de mais, mais e mais.
Rápido, se tocavam em público, disfarnçando o desejo de se agarrarem como se o metrô fosse partir.
Ainda mais rápidos, de relance, eram os olhares que se lançavam. Pensativos, cheios de palavras sufocadas, engolidas, ditas por outras formas desconhecidas.

Eram como um pulo, com o desejo de não voltar para o chão.
Rápido demais, mas repetitivas vezes.. para alegria dos passageiros.

Pri Fierro (ainda usando vidas alheias como tema para coisas rápidas)

domingo, 13 de março de 2011

Inventa que eu invento.



"Essa tal inexistência humana é o que ninguém entende. Na verdade, nada aqui, ninguém aqui, existe de verdade. Pensa, nós nos vemos, nos tocamos, nos sentimos, até nos cheirar nos cheiramos ! Mas, no final, nenhum de nós existe de verdade.. nem eu, nem você, nem nossos pais, irmãos, amigos, namorados, namoradas, famílias, nada. A verdade, aqui, para mim, agora, é que nada nem ninguém existe realmente. Nós somos invenções de nós mesmos, nos inventamos e lhes inventamos a todo momento ! Disso o mundo é feito, de invenções. Eu me invento, te invento, invento a todos que me rodeiam e, na verdade, nenhum deles é realmente o que eu invento, logo, não existem.
Entende a minha lógica ?! Entende o que eu quero dizer ?! É simples, você não existe, você é uma invenção de você mesmo e de mil outras pessoas que cruzam o seu caminho !
Não é tão complicado se você pensar em como você inventa que as pessoas façam, pensem, digam ou, até, cantem coisas que você acha que cantem. No final, nada disso é real."

Ela deixou o bilhete, vestiu as roupas e saiu de fininho, deixando todas as pessoas, as quais inventou toda a sua vida, dormindo jogadas por todos os comodos de seu apartamento.
Toda aquela invenção lhe havia dado fome.. fome, como tudo, inventada.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Intensidade






Recentemente meu coração estava ocupado, mas passou um trator por cima dele chamado egoísmo. Ele estava acabado. Agora se enche de amor próprio, está mais feliz do que antes.
 
O culpado? Não está aqui, foi embora. Mas quando fecho os olhos ele aparece, não adianta, mas eu sei que amanhã quando eu abrí-los ele terá partido.
Ora ou outra eu digo a palavra 'nunca', mas porque eu não consigo falar 'nunca' para você? Até quando isso? Acho que hoje seria o momento certo.

Você conseguiu acabar com o que não existiu, mas persistia toda vez que olhava para você e via o que ninguém conseguia ver. Parece que você vive em uma eterna solidão, não consegue se libertar.

Queria entender como pode me dizer tais palavras, você apenas não pensou nada além de si próprio, sempre foi assim. Você acredita que o grande sofredor, o que não é entendido pelo mundo e ninguém respeita é você.
Certo, neste momento quando eu fui respeitada? Agora já não sei mais o que prevalece. O bom disso é não preciso pensar agora, pois a dor que senti quando ouvi cada palavra sua naquele instante passou, e acredite nunca foi igual como aquele dia. Gostaria que você pensasse em mim, quero dizer pensar no que eu sinto, mas acho que não é possivel você ver além do que se vê e o que se sente fora de você.

Agora passou e ainda não posso dizer que não irá voltar, mas só de utilizar o verbo 'passar' parece que vivo hoje de forma mais leve, queria que um dia você sentisse isso também.

E por favor, não me fale de conversar no futuro, pois para ele existir seria preciso ter coragem para viver o presente e isso não encontrei quando te olhei. (Tudo se apagou)

Thatiane.oc

Lente



Antes era como se tudo fosse resolvido, essa seria a solução, estavamos precisando disso. Certo, então bati na porta e entrei, de cara recebi o sorriso mais lindo e com a aquela sonoridade quando me chamava da forma mais bela que poderia existir em todo mundo, meu coração neste instante passou a existir, era como se antes eu sobrevivesse de outra forma de amor.
Abri um espaço em meu coração que nunca achei que existisse ou que conseguisse, mas existiu e persistiu, e agora não quero que saia daqui nunca mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais, e muito mais...

Certo, agora voltando para todo o presente. Sim, tenho todo dia que voltar ao presente, pois o passado não é estável nele, e não entendo como isso pode acontecer. Hoje é o inferno, amanhã é o paraiso, e eles se revezam diariamente. Mas onde está o meio termo?

- Oi? Tem alguém ai para responder? Aqui estamos em meio ao caos, por favor, apareça.

Presente: Tudo está complicado, tenho que pisar em ovos, ao mesmo tempo que me sinto eu, também não sinto. Muitas vezes falar o que sente não faz sentido algum. Faz? Não entendo como podem viver de coisas pequenas e, ás vezes criá-las.

Neste momento eu lembrei de você, e toda a minha saudade com relação a tudo, mas vi que isso não é importante por agora, por isso volto ao presente, e sigo pensando em minha estrela.

Não consigo formar a próxima frase (silêncio que corta tudo por dentro). Talvez porque ela seja a solução, seria algo do tipo: Vamos esperar, porque tudo irá se resolver e da melhor maneira. Tudo isso vai passar. Respire.

É, respire. Procure entender e criar os lados bons de tudo isso.

É como se eu não pudesse dizer ou entender o que sinto. Pois nunca sei o que entenderão. E isso faz meu coração entrar em caos e não conseguir respirar, pois eu não deveria me preocupar com isso. (- Será?)

Quero que tudo isso acabe! Melhor, quero que tudo isso recomece da melhor maneira.  Não tem como viver lutando com todos e com o próprio coração a vida inteira. A pergunta que ainda persiste é se é preciso ter um posicionamento para tudo, ou melhor se é preciso mostrar ele para qualquer que seja a pessoa, pois até quando as pessoas vão se importar somente com o que sentem, e não com o que eu quero ou posso sentir? Mas agora está tudo embaçado, o futuro está incerto e acredito que essa é a graça da vida, mesmo que em determinados momentos nada faça sentido, como agora. (- Ai, como isso dói.) E todos conseguirão o que for melhor, pois a essência prevalece, e é possivel ver as cores, e quando não for eu pintarei.

-Oi? Alguém me escutou?

'You can make the darkness shine' - Alien 

Talvez isso faça algum sentindo:

Lulu Santos - Tudo bem
"Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é "so easy" se viver

Hoje eu não consigo mais me lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão
Eu já deixei
Tantos bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
Quase nunca a vida é um balão

Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem" (♪)

Thatiane.oc

Eu sempre choro nos finais.


- Oi.
- Oi, como você tá ?
- (Minha cabeça parece explodir de tanto que chorei) Bem, e você ?
- Também. (Sinto sua falta a todo momento.) Fiquei sabendo que você conseguiu um emprego novo..
- Sim.. bem bom. (Quis te ligar assim que me informaram, não havia ninguém mais que eu quisesse falar naquele momento, só você.) Me comentaram que você tá com um evento novo, também.
- (Te escrevi um e mail, uma mensagem, quis mandar qualquer coisa pra pedir sua opinião, compartir minha alegria.. mas corri, como sempre.) É, muito trabalho e tal.
- Que bom..
- Bem bom.

Minutos de mergulhos profundos em lembranças, pensamentos, como quando se deitavam e se olhavam, acariciando, se perdendo.

- Preciso devolver aquele seu disco.. (foi a única desculpa que tive para vir falar)
- Ah.. é..
- Te mando por correio.
- Não, fica. (Fica, por favor. Fica, pra sempre. Sem mim de verdade, mas comigo de mentira)
- Mas é seu disco preferido.
- Fica, só devolve se quiser me apagar pra sempre..
- Então.. então fico.

Finais, eu sempre choro em todos eles.

Pri Fierro (toda dramática)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Ontem



Faria tudo diferente. Essa foi a condição que se impôs, assim que se olhou no espelho naquela noite escura e chuvosa. Maquiou as olheiras, destacou os olhos, pintou as bochechas. Nos lábios, aceitaria apenas beijos. Beijos, plurais. Faria tudo diferente.
O Ontem lhe havia levado um pedaço do tal músculo. Seguia batendo, era verdade, mas ela sentia que um pedaço havia sido arrancado. Encarou o peito, onde apenas mostrava o soutien. Como em uma visão de raio X pôde ver, lá dentro, mil bichinhos trabalhando fortemente para costurar o rasgo que não deixava de sangrar, alí, em seu peito. O Ontem, lhe havia levado algo que ela, sem querer dar, acabou por entregar sem perceber.
O Presente espiou, desde suas costas, como seus olhos se enchiam de algo que ela se havia jurado não deixar cair mais, não se a causa fosse o tal Ontem:

- Ontem passou, lembra ?!

Lembrava, de fato. Lembrava bem, pois não acordava mais com Ontem sendo Futuro. Não dormia abraçada, sentindo o calor que transpassava a pele, chegando aos ossos, esquentando-os. O carinho no rosto, nos olhos, no pescoço, nos braços, nas costas.. Ontem não estava do seu lado. O Futuro havia mudado de cara, hoje, era Presente. O mesmo presente que lhe alisava os cabelos e lhe olhava fixamente os olhos. Olhos que não derramavam nada mais, por simples capricho deles mesmos, já que a dona dos olhos via que, se por ela, choraria todo o líquido que alí tinha.

- Ontem passou, lembra ?!

Faria tudo diferente. Respirou fundo, estufou o peito. Realmente, valia a pena seguir em algo que, simplesmente, se voltasse, já não seria como foi e sim como será ?!
Simplesmente, havia aprendido. Faria tudo diferente.
Encaixou o vestido, calçou os sapatos, agarrou a bolsa. Hoje seria o Presente, amanhã o Futuro.
Mas nunca, nunca mais, o Ontem.

Pri Fierro