segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Sol

O sol brincava entre a pele fina que vivia entre os dedos das mãos da menina, via alí, naquele sol, uma válvula de escape do sistema aonde fora jogada cedo, pequena, quando nem abrir os olhos direito sabia.
Como em uma dança abria e fechava os olhos grandes, fazendo graça para o sol que comtemplava suas dúvidas e raivas, furiosas, queimando em sua cabeça.
A luz ia e vinha como quem dá luz e vai, deixando a menina viver do tal jeito que nem sempre concordaria.
Balançou rápido a cabeça, espantou a tristeza e tapou o sol com a mão, queimando as veias e as linhas que desenhavam sua vida - já dizia a cigana.
Agarrou o astro rei na palma da mão, sentiu queimar, meteu-o todinho na boca, sentiu borbulhar e cuspiu longe, junto com a vida que não desejaria.

O sol botou fogo no sistema e ela, a menina, riu da patifaria.

Pri Fierro (sem um certo sentido)

domingo, 9 de outubro de 2011

Ausência da presença.


Nossa, que saudades! Chega doer como nunca foi antes. Sinto falta da cumplicidade. Meus dias não são mais os mesmo sem meus amigos. Era mais fácil quando eu sabia que eu nunca estaria sozinha. Que só uma ligação bastava para estar juntos. Qualquer coisa.
Foram muitas risadas, planos, choros, alegrias e tristezas. Agora estou engolindo a seco. É horrível me sentir assim. Me sinto sozinha de verdade. Lembro de tudo o que passei com eles. E aqui não têm eles e nem ninguém. Não gosto muito de abraços, mas chego a sentir falta disso também, e muita. Não sabia que seria tão difícil. E tenho a impressão que vai continuar sempre assim. Não consigo me identificar. Queria ter aqueles sentimentos que me davam sempre que nos olhávamos. Sempre fui otimista. Mas vocês faziam parte dos meus dias, então era mais fácil. A vida está aqui para a gente brincar. Não é o que dizem? Mas não consigo tirar essa melancolia daqui de dentro do meu coração. Está tudo insuportável pelo fato de ficar mais um dia esperando e esperando, e assim eu continuo.
Aqui não tem amizade, amor, confiança... Cadê a cumplicidade? Alguém a viu perdida por ai?
Não estou conseguindo ser otimista apenas com lembranças, eu preciso de fatos. Preciso do futuro. Estou onde eu quero, mas não com quem eu quero. Ás vezes eu quero ir embora para onde de ontem eu vim embora.  
Ainda não tinha escrito nada sobre isso, porque eu estava ignorando e lembrando e tentando acreditar que é uma fase. Agora vou voltar a outro foco e esquecer o que mais me faz falta.

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba

Thatiane.oc

I - O outro

- Essa estranha sensação de alegria pelo outro.
- É boa !
- É louca...
- É como se o outro feliz te fizesse feliz ainda que você estivesse triste, na realidade.
- O sorriso do outro se trasnforma em seu sorriso e, se você tava triste, a coisa se acanha...
- Desaparece !
- Se esconde...
- Você dança, ri, conversa e bebe como se seu reflexo fosse deixar tudo mais leve !
- Mais lindo..
- Mais outro !
- Tanto que você chega a ficar feliz e o sorriso se torna seu, de verdade...
- Só pelo fato do outro estar feliz e você estar alí, fazendo parte da felicidade do outro...
- Daquele outro.
- Daqueles outros !
- Você tem até medo de se movimentar um pouco fora do eixo da terra e a coisa se derrubar...
- Quando as coisas são delicadas pra você, só.
- É, só pra você... o outro não, o outro flutua em uma liberdade de seu sorriso !
- E dança, ainda que essa liberdade não seja tão livre assim !
- E quando você percebe que o outro e a felicidade dele estão te olhando parece que o peito vai explodir !!
- Explodir de tão feliz por tanta felicidade !!
- Ah, esses outros.
- Essas felicidades !
- É bom.
- É louco !

Pri Fierro

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ficou difícil




Eu tenho sentido um vazio por esses tempos. Um vazio em minhas palavras, nos sorrisos, na esperança, nos olhares e no futuro. Eu sinto o vazio do vazio. É o mesmo que, nunca dizer nunca. Meu caminho tem sido assim. Mas quando eu olho para os lados já não sei mais onde eu queria chegar. Talvez eu saiba, mas deixei que me colocassem essa ideia, ou não.

É horrível sentir esse vazio. Que dor!

Não sei como preencher tudo isso. E agora: Desespero. Desespero. Desespero. Desespero. Desespero.
Tudo o que sempre acreditei existe? Vale a pena acreditar no incerto? Não agüento mais essas perguntas me deixando cada vez mais vazia. Me sinto como o Sol. Mesmo nos dias difíceis eu tenho que acordar, e me colocar na mesma posição e rodar, rodar, rodar e continuar brilhando. Ah, como tem sido difícil acordar todos os dias para brilhar no vazio.

E nunca consegui enganar ninguém. Eu que sempre me enganei. Vou explicar isso... Todos acreditam em mim. Não, não acreditam, eles apenas esperam alguma coisa. Talvez porque eu seja um pouco do Sol. Ma ninguém vai acreditar. Afinal, eu não acredito em mim. Não me sinto verdadeira. Aliás, me sinto verdadeira apenas quando caiu em uma sintonia única com as ondas e a minha respiração. Isso é um vazio? Queria parar de esperar alguma coisa e seguir em frente. Preciso do que para continuar?

Não é difícil as pessoas me colocarem em dúvida. E a culpa é minha. Eu não passo confiança de mim para ninguém. Acabo sendo o reflexo do que as pessoas me vêem e não do que eu sou quando estou em meu completo vazio, e que talvez esse seja o mais verdadeiro. Ou onde eu o tento achar alguma coisa, e depois seguir em frente.
Não sei mais o que eu quero. Estou cansada. Talvez eu ainda tenha alguns sonhos aqui guardados. Sonhos antigos e novos. Ou talvez todos tenham se mudado. Mas ainda sofro por tentar acreditar em sonhos maiores, esse é meu vício.

É difícil remar contra a corrente. Não sei até quando e nem para onde estou remando. Muito menos se realmente estou remando.

Thatiane.oc