segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Próxima estação, Ana Rosa



Tanta gente que passa, se roça, se coça, se olha

- Qual seu nome ?
Não sei e nem vou saber.
Você, ao meu lado, sorri e dividimos um segundo de vida.
Um minuto
meia hora
Já todo mundo mudou !milhões de vidas no mesmo lugar
ao mesmo tempo
sem tempo
correndo.
Compartilhando vida,
lugar,
assento,
hora,
ar !
O seu ar que sai agora, na minha frente, é o meu ar de aqui, sentada:
- Ei, me desculpa ! pisei sem querer !
- A senhora quer se sentar ?
- Quer que segure pra você ?
- Com licença.
- Obrigada, meu anjo.
O seu ar que sai agora, na minha frente, é o meu ar de aqui,
inspirado e respirado no metrô de nossas vidas.

Pri Fierro (escrevendo no metrô, publicando em dois blogs)

foto tirada do flickr:  http://www.flickr.com/photos/gustavominas/ 

domingo, 6 de novembro de 2011

Diálogo de vizinhas

- Viu que filha de Fulana tentou suicídio ?
- Foi, não foi ?! Eu sempre disse que tinham que jogar fora aquele tanto de remédios da casa...
- Que desgracera !
- Sabe o motivo, não sabe ?!
- Fulana não pode nem pensar que todo mundo já tá sabendo...
- Nem a menina, que vergonha !
- Isso dá inferno !!!
- Pecado... judiação, tão nova ! Bonita ! Inteligente !
- Não aguenta marido mais não.
- E a outra nem pode chegar perto no hospital, o cara lá disse que ia acabar com ela..
- E isso nem é por amor à menina, cê sabe, não sabe ?!
- E homem lá gosta de ser chifrudo ?!??? Ainda mais...
- É por isso que eu vou sempre no mesmo pagode, não arrisco vê gente nova não..
- É por isso que eu nem saio !! Paixão é coisa perigosa.
- Mata a alma... e nessa situação !!
- E a menina fica aí andando, pra baixo e pra cima, tentando saber alguma coisa da coitada...
- E a coitada só chora trancada no quarto... Cicrana anda ajudando Fulana, me contou tudinho !
- Mas é, não é ? Judiação.. a menina chora dia e noite e o marido nem aí, sai pra beber ...
- E homem lá gosta de ser cornudo ?! E nessa situação !!
- Mas nem pra cuidar da menina ?
- Outro dia disse que ia abrir mão, gritou com Fulana até umas hora ! Falta de respeito, a menina acabou de tentar de se matar...
- E a outra... eu sei que não é bem visto, não.. mas que dá dó, dá ! Parece amar mesmo a coitadinha..
- Fulana quer morrer só de pensar que a filha quase se matou por outra mulher. Cicrana me disse tudo ! Disse que eu precisava só de ver, a mulher pálida sem comer..
- Parece luto.
- Era melhor ter morrido..
- Bate na madeira !
- O marido logo mata se elas não pararem com isso..
- A outra tá de dá dó... inchada, chora igual uma condenada no bar de Beltrano, e agora pior !
- É amor... não condeno, não. Não é que se diz que um não escolhe por quem se apaixona ?!
- É, bem que é...
- Dá dó..
- Judiação !

Pri Fierro

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Passarinho.

Asinhas batendo rapidamente, loucas por um impulso forte o suficiente para desandar a voar de uma vez.
Essa era a imagem que gravara com a camêra do celular, afim de vê-la e recordá-la sempre que alguma coisa parecia impedí-la de avoar. Era um pequeno passarinho, filhotinho, novinho. A mãe alí do lado mas ele fazia todo o duro trabalho de conseguir sua liberdade, o comecinho de uma vida própria fora do bico de sua mãe, da comida mastigada, das minhocas alheias.
Era um esforço magnífico ! Duro, difícil, perigoso, pois um bater de asas errado e ele se esburrachava no chão de uma só vez. Talvez não voltasse a voar nunca mais. Talvez conseguisse levantar. Talvez um gato o comeria, morto.
Mas ele tentava, alí, soltando algum que outro "piu" como que dizendo "vamos, vamos, vamos". Até que o ar pareceu concreto, e o céu era pequeno demais para o passarinho voador do momento !
Ela alí, gravando tudo e quando voou ela só pode dizer:
- Isso que quero ser quando crescer.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Sol

O sol brincava entre a pele fina que vivia entre os dedos das mãos da menina, via alí, naquele sol, uma válvula de escape do sistema aonde fora jogada cedo, pequena, quando nem abrir os olhos direito sabia.
Como em uma dança abria e fechava os olhos grandes, fazendo graça para o sol que comtemplava suas dúvidas e raivas, furiosas, queimando em sua cabeça.
A luz ia e vinha como quem dá luz e vai, deixando a menina viver do tal jeito que nem sempre concordaria.
Balançou rápido a cabeça, espantou a tristeza e tapou o sol com a mão, queimando as veias e as linhas que desenhavam sua vida - já dizia a cigana.
Agarrou o astro rei na palma da mão, sentiu queimar, meteu-o todinho na boca, sentiu borbulhar e cuspiu longe, junto com a vida que não desejaria.

O sol botou fogo no sistema e ela, a menina, riu da patifaria.

Pri Fierro (sem um certo sentido)

domingo, 9 de outubro de 2011

Ausência da presença.


Nossa, que saudades! Chega doer como nunca foi antes. Sinto falta da cumplicidade. Meus dias não são mais os mesmo sem meus amigos. Era mais fácil quando eu sabia que eu nunca estaria sozinha. Que só uma ligação bastava para estar juntos. Qualquer coisa.
Foram muitas risadas, planos, choros, alegrias e tristezas. Agora estou engolindo a seco. É horrível me sentir assim. Me sinto sozinha de verdade. Lembro de tudo o que passei com eles. E aqui não têm eles e nem ninguém. Não gosto muito de abraços, mas chego a sentir falta disso também, e muita. Não sabia que seria tão difícil. E tenho a impressão que vai continuar sempre assim. Não consigo me identificar. Queria ter aqueles sentimentos que me davam sempre que nos olhávamos. Sempre fui otimista. Mas vocês faziam parte dos meus dias, então era mais fácil. A vida está aqui para a gente brincar. Não é o que dizem? Mas não consigo tirar essa melancolia daqui de dentro do meu coração. Está tudo insuportável pelo fato de ficar mais um dia esperando e esperando, e assim eu continuo.
Aqui não tem amizade, amor, confiança... Cadê a cumplicidade? Alguém a viu perdida por ai?
Não estou conseguindo ser otimista apenas com lembranças, eu preciso de fatos. Preciso do futuro. Estou onde eu quero, mas não com quem eu quero. Ás vezes eu quero ir embora para onde de ontem eu vim embora.  
Ainda não tinha escrito nada sobre isso, porque eu estava ignorando e lembrando e tentando acreditar que é uma fase. Agora vou voltar a outro foco e esquecer o que mais me faz falta.

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba

Thatiane.oc

I - O outro

- Essa estranha sensação de alegria pelo outro.
- É boa !
- É louca...
- É como se o outro feliz te fizesse feliz ainda que você estivesse triste, na realidade.
- O sorriso do outro se trasnforma em seu sorriso e, se você tava triste, a coisa se acanha...
- Desaparece !
- Se esconde...
- Você dança, ri, conversa e bebe como se seu reflexo fosse deixar tudo mais leve !
- Mais lindo..
- Mais outro !
- Tanto que você chega a ficar feliz e o sorriso se torna seu, de verdade...
- Só pelo fato do outro estar feliz e você estar alí, fazendo parte da felicidade do outro...
- Daquele outro.
- Daqueles outros !
- Você tem até medo de se movimentar um pouco fora do eixo da terra e a coisa se derrubar...
- Quando as coisas são delicadas pra você, só.
- É, só pra você... o outro não, o outro flutua em uma liberdade de seu sorriso !
- E dança, ainda que essa liberdade não seja tão livre assim !
- E quando você percebe que o outro e a felicidade dele estão te olhando parece que o peito vai explodir !!
- Explodir de tão feliz por tanta felicidade !!
- Ah, esses outros.
- Essas felicidades !
- É bom.
- É louco !

Pri Fierro

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ficou difícil




Eu tenho sentido um vazio por esses tempos. Um vazio em minhas palavras, nos sorrisos, na esperança, nos olhares e no futuro. Eu sinto o vazio do vazio. É o mesmo que, nunca dizer nunca. Meu caminho tem sido assim. Mas quando eu olho para os lados já não sei mais onde eu queria chegar. Talvez eu saiba, mas deixei que me colocassem essa ideia, ou não.

É horrível sentir esse vazio. Que dor!

Não sei como preencher tudo isso. E agora: Desespero. Desespero. Desespero. Desespero. Desespero.
Tudo o que sempre acreditei existe? Vale a pena acreditar no incerto? Não agüento mais essas perguntas me deixando cada vez mais vazia. Me sinto como o Sol. Mesmo nos dias difíceis eu tenho que acordar, e me colocar na mesma posição e rodar, rodar, rodar e continuar brilhando. Ah, como tem sido difícil acordar todos os dias para brilhar no vazio.

E nunca consegui enganar ninguém. Eu que sempre me enganei. Vou explicar isso... Todos acreditam em mim. Não, não acreditam, eles apenas esperam alguma coisa. Talvez porque eu seja um pouco do Sol. Ma ninguém vai acreditar. Afinal, eu não acredito em mim. Não me sinto verdadeira. Aliás, me sinto verdadeira apenas quando caiu em uma sintonia única com as ondas e a minha respiração. Isso é um vazio? Queria parar de esperar alguma coisa e seguir em frente. Preciso do que para continuar?

Não é difícil as pessoas me colocarem em dúvida. E a culpa é minha. Eu não passo confiança de mim para ninguém. Acabo sendo o reflexo do que as pessoas me vêem e não do que eu sou quando estou em meu completo vazio, e que talvez esse seja o mais verdadeiro. Ou onde eu o tento achar alguma coisa, e depois seguir em frente.
Não sei mais o que eu quero. Estou cansada. Talvez eu ainda tenha alguns sonhos aqui guardados. Sonhos antigos e novos. Ou talvez todos tenham se mudado. Mas ainda sofro por tentar acreditar em sonhos maiores, esse é meu vício.

É difícil remar contra a corrente. Não sei até quando e nem para onde estou remando. Muito menos se realmente estou remando.

Thatiane.oc

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

E só quis dizer.



- Oi.
- Oi...
- Eu só quero te dizer,
- Eu já sei, não precisa nem...
- que eu gosto de você.
- Oi ?
- Eu ainda gosto de você.
- Você tá dizendo que..
- Eu não deixei de gostar de você. Aliás, dói gostar muito de você e não poder nem sorrir com você..
- Calma !
- E mais, gostar muito de você e não poder falar com você !
- Mas...
- Gostar muito de você e não poder beijar...
- Melhor parar...
- Só não quero que você pense errado ! Tô seguindo, com mil vasilhas de água nos ombros, mas..
- Não vou pensar.

Pri Fierro (dialogando dentro de diálogos antigos pra caramba, achados no meio de uma bagunça)

domingo, 28 de agosto de 2011

Samba e poesia




É samba e poesia. Estou tentando descobrir os detalhes da aproximação. Veio e já se foi. Queria conseguir me aproximar, e também falar. Perco a voz. É estranho e bom. Se apaixonar é uma coisa de um dia, e que eu queria que durasse para sempre.

Perguntei para ele sobre você. Então ele me disse apenas as coisas mais pequenas. Essa proibição está fazendo o perigo se tornar o melhor dessa história. Mas não me deixa conseguir acalmar qualquer que seja a minha vontade. Como me aproximar? Eu nunca soube fazer isso. Sempre preferi ficar de lado a me expor. Vou tentar dessa vez. Mas são tantas as proibições!

Quando volto da faculdade, você está indo para o trabalho. Enquanto estou nas festas você está voltando delas, e ás vezes, escolhendo um filme para ver sozinho em casa. Disseram-me que você pode me fazer sofrer. Pode ser. Acho que chegou a hora de amar. De ter as coisas boas sem cobrança, de apenas sentir. É bom respirar essa tranqüilidade. Meus sentimentos tem sido samba e poesia. A melodia do samba não me faz esquecer o passado, mesmo vivendo o futuro. Minha determinação e maturidade chegaram. E a poesia me faz acreditar nos sonhos.

Quando escuto um samba, eu não consigo não senti-lo por inteiro. Dá-me vontade de dançar. Quando escrevo uma poesia é como se eu tivesse o mundo em minhas mãos. Eu posso escrever qualquer coisa que se tornará realidade. Posso ser uma sonhadora quando eu quiser, é a minha poesia.

Não consigo escrever mais. Fiquei olhando para esse texto por volta de 1 hora. E não consigo entender o que estou sentindo. Mas vou atrás dessa vez, tenho duas escolhas. Elas serão sempre um segredo. Talvez também sejam seus. (No fundo eu torço para que sim também)

Pode ser que eu esteja andando sozinha, mas como nunca foi do meu feitio ficar parada, vou tentar te encontrar. Se a porta se fechar, tudo bem. Eu ainda estarei lá. Infelizmente ninguém está nos ajudando. Queria que as pessoas entendessem que eu posso cair, porque vou me levantar. Machucada, mas eu vou.
Gosto de sentir o samba e a poesia nas coisas boas e novas.

(Eu escrevi, escrevi, escrevi, apaguei, escrevi e não consegui entender o que quero disso.) 

(Dona da minha cabeça - Geraldo Azevedo) 

Thatiane.oc

sábado, 27 de agosto de 2011

Alma!




É difícil de encontrar pessoas como você no mundo. Encontramos essas pessoas apenas em sonho. Não porque talvez sejam perfeitas, mas sim, pelo fato de que em nossos sonhos colocamos apenas as coisas boas. E são essas que valem no final. E eu adoro sonhar!

A nossa relação começou no dia que apenas nos olhamos, e já riamos do que não era nem preciso falar. Lembra? Isso não é uma coisa comum de encontrarmos em quem conhecemos por tão pouco tempo. Foi um laço criado pela nossa alma. Não precisou esforço, só um olhar.

Mas o convívio não é tão fácil assim, infelizmente. Mas ele nos ajudou a nos aproximarmos cada vez mais. E agora, o que faremos com a distância? Essa contradição está me corroendo por dentro. Sinto falta das suas risadas altas, do seu mau-humor, de apertar sua barriga, rs. Sinto muito a sua falta. E só falta. Principalmente de te ligar quando eu estava desesperada, e você SEMPRE me entender. Era uma relação estável e aconchegante. Eu gostava bastante. Mas chegaram os compromissos e essa tal de distância, e acabamos nos perdendo nela.

Sinto-me perdida ainda, mas quando eu olho para você, mesmo que passem dias sem nos falarmos, eu consigo ver a mesma pessoa por quem eu me apaixonei, a minha melhor amiga. Um pouco clichê isso, mas os clichês também fazem parte. E acho que preciso de você no mundo. Porque não sei como seria acordar e saber que pessoas como você não fazem parte dele. E você para mim é isso. É o contato essencial, é o que faz parte de mim. Sempre que me despeço fica uma parte minha em você. Seria tão bom agora poder te abraçar beeeeem apertado. Obrigada por tudo. Obrigada, obrigada, obrigada...

É ótimo olhar e ver que somos o que temos de presente e ausente ainda em nós. Te amo muito, e hoje não é apenas seu aniversário, hoje é mais uma marca do dia que iremos nos lembrar e rirmos muito sobre todas as coisas. Você é minha melhor amiga, minha irmã, minha cúmplice. E a cada dia que passa tenho mais carinho por você. Que hoje e sempre você tenha todas as energias boas e a paz que você tanto busca. E farei o impossível para aprender a lidar melhor com nossos defeitos, virtudes e essa tal de distância.

Te amo, e isso basta para todo os dias. Quero te ajudar e cuidar de você.

Obs. Assim terminou mais um dos rascunhos que eu tentei colocar em palavras todos os meus sentimentos. Coisa difícil essa de se fazer, não é? Ainda mais quando se trata de pessoas especiais.

De: Thatiane.oc
Para: Pri Fierro

Thatiane.oc

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Rascunho




Eram pequenininhos. Eu queria só entrar no mundo, ou ele em mim. Queria só fazer parte. Sinto-me fraca quando tenho esses sentimentos. Um sentimento de culpa. De talvez por não ser capaz. Sinto-me culpada por sentir isso.
Queria terminar de chorar para sorrir novamente. Ter ao meu lado aquelas pessoas que eu sonho sempre. Eu acordo e estou sonhando, eu durmo e estou vivendo. Ficou assim.
Meus desejos eram tão pequenininhos que eu queria que todo mundo olhasse para eles. Sentia-me incapaz. Talvez incapaz de tê-los. Pode estar tudo atrás da minha insegurança e dos meus medos, mas eu tenho uma dose grande de teimosia e de ansiedade. Ora me atrapalha, ora não (quase sempre atrapalha).
Guardarei esse pedaço de papel rasgado em um lugar onde eu não possa mais ver. Pois se eu ler isso amanhã, já não fará mais sentindo.
Agora vou dormir para viver um pouco. E engolirei a seco a rejeição de sonhos pequenininhos ao respirar o mundo e as pessoas.
(As opiniões tem um valor maior do que seus próprios sonhos, apenas ela não conseguia ver isso. Ou se enganava. E se sentia tão pequenininha quanto seus sonhos)
“Não sei o que quero e, quando descobrir, não preciso mais. Acho que quero entender. Quando escrevo, vou descobrindo, aprendendo. É um exercício de aprendizagem da vida.”
 – Clarice Lispector

Thatiane.oc

domingo, 21 de agosto de 2011

Leia sorrindo.


"Não tem importância, deixa eu te abraçar só um minuto ?! Só um minuto. Juro que se você não quiser sentir mais o meu cheiro me afasto e viro o vento pro lado de cá. Já chega desse exagero meu, braveza e chateação acabam se afogando na ternura do seu rosto. Não é amor, não se assusta, não vou te amarrar nas pernas da mesa de casa e te obrigar a ficar comigo ! Só quero essa amizade de cervejas, pernas e gostos que a gente tenta manter, de tempo em tempo, quando queremos dividir devaneios e sentir lábios desconhecidos, porém, conhecidos. Só quero se você também quiser. Não faz mal, minha ressaca já passou. Eu sempre disse que vontades não se explicam, menos se justificam. Já te mandei a merda em pensamento, mas a mania de saudade não deixa eu beber essa garrafa de 'te superei' que tenho guardada no armário ! Quem sabe o por quê disso. Vem, vai, tira essa dúvida sem medo, porque você nunca foi de ilusões por mais que se reserve grande parte do que pensa ! Diz tudo na cara, como se fosse um tapa, se não quer mais nada. Mas diz, fala e deixa eu te abraçar só por um minuto pra dizer um 'até logo' medíocre, já que se a gente se esbarrar por aí não vou poder evitar rir e sussurrar um 'imbecil' quando você disser aquele 'oi' característico. Ei, gosto de você, e insisto em não colocar seus defeitos na ponta dos dedos por simples gosto de preferir admirar suas qualidades humanas e olhos que tudo veem e boca que nada diz. Se os meses mudaram suas vontades nada posso fazer, eu sei, é tão natural quanto uma mudança de estação ! Por mais que nos dias de hoje, o inverno se perca no verão. É, meu gosto não é tão viciante quanto parecia ser no começo de tudo, né ? Não importa, talvez a gente fique sem se falar, talvez tudo seja exagero e você aceite a cerveja que quero te propor por meio de prosa. Talvez demore mais um mês, talvez tenhamos que nos encontrar ao acaso, com o alcool viajando rápido pelas cabeças, você derrubar mais uma latinha de cerveja e não discutirmos merda de relação nenhuma porque, discutir relação são para aqueles que tem uma relação desejando exclusividade, de cercas brancas e filhos limpos. Relação ?! Não, lembra ?! Eu te disse já. Amizade. Só que com pele, cheiro e gostos que se mesclam e se perdem em noites escondidas, lugares cafonas e edredons quentes, que recolhem cheiros e insistem em me lamentar 'ah, cheiros'. Vai, já beijou, já foi ! Não consigo saber que você possa ter se sentido mal, queria te confortar e é um erro. Não é falta de amor próprio, talvez nem você enxergue isso, mas eu vejo diferente. Talvez você também veja diferente, nessa cabeçorra pensante que quer o mundo todo ao mesmo tempo ! Vai, fala logo, decide e não fica brava por eu colocar aqui, é questão de saúde mental enfiar pra fora de mim essas palavras. Vai, me lê ! Cerveja ? Minha casa ? Última vez ?"

Pri Fierro (série de bilhetes que talvez não devssem ser mandados.)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ausência e encantamento




Não era para ter significado algum. Era conveniente, tanto para mim quanto para você. Talvez mais para mim. Cheguei naquela festa onde eu não conhecia ninguém. A única pessoa que eu conhecia no mundo, já tinha partido. Eu não sei bem porque, mas não tinha importância alguma eu estar ali naquele momento. Não vejo que tenha sido o destino. Eu só estava ali. Nada mais para fazer.

Então outros caras chegaram, e eu só queria ficar sozinha. Eu não tinha mais paciência para conversas sem fundamento. Você chegou com um copo de drink, eu tinha parado de beber, porque já estava perdendo meus sentidos. Perder-me é algo que nunca permito acontecer. Nunca deixo ninguém se aproximar. Não gosto de gente perdida. Então não me perco.

Mas o que é se perder? Não sei ainda.

Ainda assim, resolvi aceitar seu drink. Tinha notado o quanto você estava ausente naquela festa, assim como eu estava. Acabou me chamando atenção. Não precisamos de muito tempo para nos entendermos.

Os dias se passaram e você me deu toda atenção que eu já não acreditava mais. Ou acreditava, mas achava uma perda de tempo. Até que um dia você não me ligou, e eu notei que essa atenção não era mais perca de tempo. Talvez eu tenha me precipitado com algumas palavras, ou você não tenha entendido. Não tenho paciência para isso. Estão sempre me interpretando. Por que não me pergunta direto? Não era um sentimento, ou uma paixão. Era qualquer outra coisa que me fazia bem.

Mas as pessoas estão sempre pensando e achando. Talvez tenhamos sido deixados de lado porque você só esqueceu dos dias anteriores. Ou talvez você tenha achado que estava indo longe demais. Ou também pode ter sido o fato de você achar que eu estava indo longe demais. Ou talvez... É, têm tantas outras coisas que podem ser, que já não quero pensar mais. Não tem necessidade. Tanto faz.

Tenho certeza que minha ansiedade não foi porque era amor ou só gostar. Foi um encantamento que iria acabar. Eu só queria ter me deixado levar mais pelo tempo. Agora já te deixo de lado, pois não gosto de andar onde o chão pode desaparecer a qualquer instante. Eu gosto da segurança.

Você ainda me liga aos sábados. Mesmo quando está com ela. Mas agora que eu tinha ido embora, você me procura. Afinal, não é o sábado que é nosso, e sim a lua que é nossa. E aos sábados a lua está sempre mais bonita. Eu sinto o aconchego dela. Sua luz me encanta. A lua não precisar estar sempre por perto, mas ela está lá.

Qualquer dia aceitarei te encontrar novamente. Apenas quando eu conseguir ter confiança. Não é esperança, muito menos cobrança. É fazer haver um sentido no dia seguinte. Acho que vale à pena correr esse risco de me perder por um instante. Sentia-me ótima conversando com você. Meus amigos não gostam muito disso, ninguém confiava em você. Mas não gosto de palpites. Eu só gostava da sua companhia. Você acreditava em mim. Fazia-me rir. Fazia-me ser sempre quem eu era. Mas no dia seguinte eu já não era mais eu, pois tinha receio de demonstrar qualquer coisa ou de não demonstrar nada. Talvez você não entenda o que eu queria. Mas eu sei que era especial.

Deu para entender? Quero poder sentir isso sem medo. Pela primeira vez, senti algo diferente, nem maior e nem menor. Muito menos amor. Com você eu realmente me sinto confortável ao risco.

E de lembrança deixei minhas palavras ausentes para você. Acredito que ainda as tenha.

Thatiane.oc

O medo e suas flores




Todos sempre matêm uma opinião. Eu dei espaço para elas. Não sou como um cristal. Mas carrego cristais comigo, e cada lágrima minha vem de um pedaço do meu cristal que foi quebrado. Faço questão de carregar as partes quebradas. Nem sempre consigo pegá-las. As partes quebradas são para recordar que eu estou viva. Elas estão sempre bem escondidinhas.

Tenho que aceitar que não tenho controle sobre o mundo, e que sim, é impossível agradar a todos. E que existem flores que querem roubar meus cristais. Não vou deixar que isso aconteça mais uma vez. Decepcionei-me com flores falsas. E só notei que elas existiam quando vi que elas nunca mudavam nas estações. Realmente me deixaram para atrás. Não acreditava em tal frieza. Flores dissimuladas, venenosas e de mentira.

Agora consigo escrever sobre elas, pois passei a cultivar melhor meu jardim e esconder bem meus tesouros.   Consigo rezar para que o tempo esteja em seu favor e elas se tornem flores de verdade, e não apenas inveja e rancor.

Apenas cultivo meu jardim, e espero sempre por uma nova flor.                   

Ainda assim, tenho receio de que as flores que me fazem mal continuem vencendo. Acredito na força divina. Acredito na lei da "Ação e Reação". Mas até quando irei só apenas acreditar? Queria ter um pouco de certeza, pois essas flores estão tirando a cada dia meus cristais. Estão roubando minhas sementes. Tenho medo. Medo também de me tornar fria como elas. 

Thatiane.oc

1 coração e 2 sentimentos




Estou apaixonada. Parece um erro. Apaixonada por tudo que me faz bem. E deixo de lado o que não me acrescenta nada. Não há como negar que me sinto atraída pelo que me faz mal. Mas é um mal diferente. Não ao ponto de torná-lo confiante, mas ao ponto de torná-lo necessário. Adoro escrever sobre você. Adoro. Mas me sinto culpada por não poder escrever mais só sobre você.

Enquanto decidíamos o que iríamos fazer, eu deixei a porta aberta. Fiquei distraída enquanto esperava você se perdoar pelo passado. Eu poderia te fazer feliz. E agora entraram sem avisar. E não sei como te dizer que meu sentimento está dividido. Eu sempre acreditei que era possível amar duas pessoas. Mas não imaginei que fosse acordar com esse sentimento. E agora eu tenho dois sentimentos iguais por duas pessoas. Deveria eu te enviar uma carta contando tudo? Você entenderia? Me perdoaria? (Talvez você leia esse texto)

Eu te dei todo espaço possível. Coloquei toda a culpa para cima de mim. E a resposta disso foi eu me sentir mais sozinha ainda. Não quero mais me sentir assim. Quando te conheci eu não acreditava em nada. Até que descobri que posso sentir muito mais do que as pessoas acreditam que sou capaz. Poderia ter dado certo. Tiveram momentos que só de te tocar bastava. Você me dizia coisas que só a gente entenderia. E agora? Já não consigo te entender mais. Talvez seja melhor ter esta página como um rascunho.

Quando eu acordo me pergunto se valeu à pena ter corrido esse risco por outra pessoa. Mas você poderia ter notado que eu estava me deixando para trás. Você poderia ter fechado a porta.

Quando eu acordei, ele é quem estava comigo, e não você. Com ele não sinto presa. Mas também tenho medo de dizer para ele que amo outra pessoa. Afinal, como isso é possível? Apesar de não nos conhecermos muitos bem ele me deixa a vontade. O mal dele me faz bem. Ele faz questão de não me deixar de lado. Era isso que eu precisava. Que alguém visse que eu preciso ser cuidada. Cansei de só cuidar dos outros. Sinto falta do seu olhar, mas agora ele me tem em seus braços de tal forma que consegue me deixar sem ar.

Como é possível amar duas pessoas? Como?

Você foi embora sem selar o que tínhamos, e agora voltou sem avisar. Não é justo que na manhã seguinte eu nunca vá saber se você ainda estará comigo. Não é justo com ele. Comigo também não deveria ser, mas esse é o mal que se tornou necessidade. Não sei dizer 'não'para você. Sempre que me chamar estarei ao seu lado. 

Mas o que faço com ele? Ele já pegou um pedaço de mim. Eu sempre soube ficar sozinha. Mas agora não tenho mais espaço para isso.

Terei que escolher um dia, não é mesmo?  Vou escolhendo a noite.
(Ao som de Adele) 


Thatiane.oc

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aos amantes.



- Ó, olha aquela trilha de luzes que aponta para uma única brilhante.
- Vejo.
- Tem seu nome..

A grama usada de colchão, para os amantes noturnos, era molhada pelo sereno que vinha da serra. No meio daquela cidade caótica, um pouco de sussego só era encontrado longe, perto das planíces choronas da madrugada. Não sabiam nada de astrologia, mas inventavam os nomes e constelações, entre risos, carinhos e qualquer coisa que poderia surgir durante a estadia daqueles dois corpos.

- Isso é mentira !
- O mundo é nosso, e eu invento o nome que quiser.
- Tá, então.. vê aquelas três estrelas juntas ?
- Vejo...
- Tem seu nome.
- Assim já é apelar, aquelas são as Marias..
- O mundo não é nosso ?!

Sim, o mundo era deles, dos amantes, os nomes lhes pertenciam, como as estrelas. Parecia que o tempo também acabara de se render às ordens de tais almas. Aliás, as galáxias seguiam os dedos amorosos que passeavam pelos corpos arrepiados, pelo vento que soprava na nudez de peles. Não se importavam, o calor respeitava suas ordens.

- E a bola gigante e brilhante ?
- Nossa.
- Como a gente pode chamar ?!
- Não sei..
- Posso chamar de minha ?
- Só se me chamar de sua.
- Minha.
- Sua.

Dos amantes.

Pri Fierro (tributo aos amantes perdidos por aí)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Coração rosa choque



Não entendia a tremenda dor de cabeça que herdara da mãe. Como se tudo fosse desabar, o corpo latejava e as pernas tremiam em um compasso de dor interna que ela, na época de descobrimento de seus sentimentos humanos, parecia não entender de onde vinham. Começavam nos dedos das mãos, passeavam pelas costas, subiam pelas coxas e explodiam na cabeça de fios negros, desesperados por um carinho de aconchego que perdera por motivos próprios. Pior ainda era guardar tudo para si, não sabia verbalizar a dor, se dirigia ao hospital mais próximo e quando o médico lhe perguntava o que sentia não sabia o que dizer. Apontava para a cabeça e fazia uma careta de dor absurda que o doutor, em toda a sua razão médica, não entendia e perguntava, insistente, obrigando alguma palavra. Depois de algumas tentativas desistiu, e resolveu usar a cama como refugiu, tentando se afastar de luzes, tv's, computadores ou qualquer coisa que forçava seus olhos trabalharem.

Passou a passar os dias olhando para o teto. Branco teto de dia, preto teto de noite. Não deviava o olhar nem por um segundo, como em uma hipnoze olhou para o teto por tanto tempo e por tantos meses que viu alí, em um reflexo alucinante, todas as suas descobertas sentimentais. Foi então que saiu da cama por um segundo, flutuando até encostar nesses sentimentos, e sentiu como todo o corpo se molhava em um líquido salgado e fino, tranparente como a água, escorrendo por todas as dores de seu corpo. Sentiu que tudo sumia e junto se foram as dores, a cabeça, as coxas, as costas e os braços. Sobrou nada mais que tronco.

Quando encontraram seus restos, decidiram retirar o coração para que fosse estudado meticulosamente. Porém, ao abrirem a cavidade peitoralm um chafariz azul turquesa jorrou pelo quarto, pintando todos os espaços e todos os estudiosos que alí estavam presentes. Como um pássaro, um coração rosa choque voou pela janela rapidamente, fugindo de qualquer tipo de busca de entendimento humano - ou médico, se protegendo da humanidade, e de qualquer sentimento mais.

Pri Fierro (pra variar, baseando-se na vida das amigas)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Minuto alcoolico

Deu um, dois, três, quatro goles. Suspirou !
Cinco, seis, sete, oito. Riu !
Nove, dez, onze... chegou no doze, cambaleou, respirou e se segurou.
Quase caiu !

Pri Fierro

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lados...


Só precisava gritar em um texto !

O perigo mora quando você gosta de alguém e acha que vê o que ninguém consegue ver. Nem sempre isso é verdade. Quase nunca, ou nunca. No meu caso eu utilizo a palavra ‘nunca’.
Trocando de lado:
Eu gosto dele, só não consigo admitir. Tenho medo de dar um passo maior que o tempo. O que ele acha? Ainda não parei pra pensar nisso. Ando meio perdida. As coisas mudam sempre de lugar, acho que a culpa é minha. É minha. Mas quando eu vou acertar as coisas, eu peco no egocentrismo. A verdade não pode sair dos meus lábios, eu sinto fome delas mesmo que me causem ânsias, ao ponto, de ninguém mais conseguir ficar ao meu lado.
Eu gosto dela, nunca me permiti a dizer isso, e hoje eu consigo até mesmo soletrar essa palavra. Veio como uma necessidade, um conforto, eu acreditava, na verdade eu passei a acreditar. Era feroz e brando, conseguiu ser tudo em uma coisa. Estava guardado aqui dentro, e só te olhar eu acabei contando tudo para todo mundo. Errei bastante.
Agora: Não tem mais agora, os dois não acreditam mais em nada, a covardia escapou entre seus dedos, o que restou foi apenas um espelho, e de fundos papéis e fotos pendurados na parede. E no chão? O chão tinha se perdido. Não tem mais o chão! Agora era escolher quem iria para o próximo andar ou sairia pela porta dos fundos.

Thatiane.oc

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dizia...



Desde muito pequena queria salvar o mundo. A obcessão começou quando viu seu vizinho, alguns anos mais velho, salvar um gatinho perdido na rua. Dizia 'obcessão' por planejar, desde então, esse tipo de coisa em sua cabeça, a cada passo que se atrevia a dar na terra. Parecia capaz de fazê-lo, afinal, desejava com uma euforia no peito que ninguém poderia imaginar, dessas de fazer sambar os pulmões e torcer o estômago em mil borboletas brancas. O mesmo sentia quando via o vizinho, ex salvador de gatinhos. Foi seu primeiro amor. Dizia que era seu 'amor' por entender muito pouco sobre o assunto. Assim, desde que descobriu que o amava, sonhava em salvar o mundo com seu vizinho mais velho. Mas a menina cansou daquela coisa toda de coração e, logo que cresceu, quis salvar o mundo sozinha. Sozinha porque se via capaz de salvar mais mundos que aquele seu vizinho, que a fizera chorar. Dizia 'sozinha' por achar que só assim conseguiria ir e vir, sem ninguém levar.

Desde muito pequena cometia enganos com ela mesma.

Crescendo, viu que nada salvara. O vizinho havia feito a vida, e ela ? só a havia seguido. Não salvou gatinhos nem nada do tipo, mas seguia a enganar-se com ela mesma, sozinha. Queria sozinha, de fato, mas o fato de não conseguir ir sem vir ou, ir sem levar, atrapalhava todos os seus benditos planos ! Tudo parecia muito confuso nessa história de crescer e salvar ao mesmo tempo. Sem falar na parte de 'amar', que parecia não ter nenhum tipo de lógica no planeta. Um dia o vizinho virou um amigo, e um amigo virou um conhecido, e o conhecido virou ninguém. Foi quando ela se perdeu no amor e não soube mais o que queria ser: salvadora ou amante. Não soube, queria poder agarrar gatinhos perdidos e levar vizinhos sem que nada disso tivesse algum dano. Mas aquilo de enganar-se com si propria seguia de uma maneira que, com gatinho ou sem vizinho, dizia uma coisa e logo fazia outra.

Dizia 'fazer' mas nunca fazia.

Acabou que não soube pra onde andar. Tentou aqui, tentou ali, desejou acolá, mas nada de salvar, nada de gatinhos, nada de vizinhos, nada de deixar de se enganar. Nada ! Resolveu, então, abrir mão da obcessão, que passou a ser um desejo, e esquecer o vizinho, que viu que nunca chegou a amar, para, enfim, poder correr o céu que parecia lhe esperar cheia de gente que não sabia voar.

O problema ?! Ela não tinha idéia de como bater as asas.
Foi então que caiu... e ninguém veio levantar...

Pri Fierro (dos textos antigos feitos novos)

Agorinha.



sapilcava amarelo esperando que o rosa se destacasse, salpicava, salpicava, salpicava.
o dedinho indicador cortado de dor, salpicava, salpicava, salpicava.
pegou o azul mais claro esperando que o preto ficasse mais bonito, salpicou, salpicou, salpicava.
o coraçãozinho batendo igual um tambor, salpicava, salpicava, salpicava.

o mundo parecia desaparecer, então, salpicou, salpicou, como nunca salpicava até que tudo voltasse a viver.

Pri Fierro (as rimas não foram propositais -ruins, mas não propositais)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Anseio



- O que você sente?
- Eu sinto.
- O que você quer?
- Eu quero.
- O que você vê?
- Eu vejo.
- O que você faz?
- Eu faço.
- O que você come?
- Eu como.
- O que você escreve?
- Eu escrevo.
- O que você me disse?
- Já foi dito.
- O que é retórico?
- É você e essa conversa (cansei).

Obs.
- E do que você tem medo?
- De quando as perguntas mudarem.


Thatiane.oc

domingo, 10 de julho de 2011

Uma droga.



Suas pupilas.. Dilatadas. Sua boca.. Seca. Sua fome.. Enorme. Sua visão.. Turva.
[suspiro]

As cores.. Fortes. O vento.. Toca. Seu nariz.. Escorre. Sua veia.. Sumiu. Sua língua.. Dorme. Seu hálito.. Doce.
[desistiu]

- Me diz, o que você andou usando ?
- Saudade.

Pri Fierro (eu, saudade. você, saudade. ele, saudade. ela, saudade. eles, saudade. ê, saudade !)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Abecedário.



Cada Letra tem o seu Lugar.
Cada Lugar, que tem uma Letra, faz chegar em uma Palavra.
Se misturar tudo pode dar outra Palavra.
Se faltar uma Letra, pode chegar à nenhum Lugar.
A Palavra que tem um Lugar, só tem Lugar, por causa de uma Letra.
Então, essa é a única regra:

encontre um Lugar para sua Letra e forme sua Palavra
do jeito, do tamanho, da maneira e significado que você quiser.

Pri Fierro

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre o tempo




Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac.

Tudo passava rápido. E ela queria voltar no tempo e aproveitar a cada segundo. Até que um dia acordou e se enfureceu, pois se dava conta que o tempo não tinha parado, e sim ela. Ainda havia tempo para fazer algumas mudanças. Ou até mesmo ver todas as cores que estavam gritando.

Colocou sua melhor roupa, e apenas dançava. Dançou com o tempo, com seus medos, com as cores e de fundo tocava sua música favorita.O dia havia começado, finalmente.

Thatiane.oc