sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ausência e encantamento




Não era para ter significado algum. Era conveniente, tanto para mim quanto para você. Talvez mais para mim. Cheguei naquela festa onde eu não conhecia ninguém. A única pessoa que eu conhecia no mundo, já tinha partido. Eu não sei bem porque, mas não tinha importância alguma eu estar ali naquele momento. Não vejo que tenha sido o destino. Eu só estava ali. Nada mais para fazer.

Então outros caras chegaram, e eu só queria ficar sozinha. Eu não tinha mais paciência para conversas sem fundamento. Você chegou com um copo de drink, eu tinha parado de beber, porque já estava perdendo meus sentidos. Perder-me é algo que nunca permito acontecer. Nunca deixo ninguém se aproximar. Não gosto de gente perdida. Então não me perco.

Mas o que é se perder? Não sei ainda.

Ainda assim, resolvi aceitar seu drink. Tinha notado o quanto você estava ausente naquela festa, assim como eu estava. Acabou me chamando atenção. Não precisamos de muito tempo para nos entendermos.

Os dias se passaram e você me deu toda atenção que eu já não acreditava mais. Ou acreditava, mas achava uma perda de tempo. Até que um dia você não me ligou, e eu notei que essa atenção não era mais perca de tempo. Talvez eu tenha me precipitado com algumas palavras, ou você não tenha entendido. Não tenho paciência para isso. Estão sempre me interpretando. Por que não me pergunta direto? Não era um sentimento, ou uma paixão. Era qualquer outra coisa que me fazia bem.

Mas as pessoas estão sempre pensando e achando. Talvez tenhamos sido deixados de lado porque você só esqueceu dos dias anteriores. Ou talvez você tenha achado que estava indo longe demais. Ou também pode ter sido o fato de você achar que eu estava indo longe demais. Ou talvez... É, têm tantas outras coisas que podem ser, que já não quero pensar mais. Não tem necessidade. Tanto faz.

Tenho certeza que minha ansiedade não foi porque era amor ou só gostar. Foi um encantamento que iria acabar. Eu só queria ter me deixado levar mais pelo tempo. Agora já te deixo de lado, pois não gosto de andar onde o chão pode desaparecer a qualquer instante. Eu gosto da segurança.

Você ainda me liga aos sábados. Mesmo quando está com ela. Mas agora que eu tinha ido embora, você me procura. Afinal, não é o sábado que é nosso, e sim a lua que é nossa. E aos sábados a lua está sempre mais bonita. Eu sinto o aconchego dela. Sua luz me encanta. A lua não precisar estar sempre por perto, mas ela está lá.

Qualquer dia aceitarei te encontrar novamente. Apenas quando eu conseguir ter confiança. Não é esperança, muito menos cobrança. É fazer haver um sentido no dia seguinte. Acho que vale à pena correr esse risco de me perder por um instante. Sentia-me ótima conversando com você. Meus amigos não gostam muito disso, ninguém confiava em você. Mas não gosto de palpites. Eu só gostava da sua companhia. Você acreditava em mim. Fazia-me rir. Fazia-me ser sempre quem eu era. Mas no dia seguinte eu já não era mais eu, pois tinha receio de demonstrar qualquer coisa ou de não demonstrar nada. Talvez você não entenda o que eu queria. Mas eu sei que era especial.

Deu para entender? Quero poder sentir isso sem medo. Pela primeira vez, senti algo diferente, nem maior e nem menor. Muito menos amor. Com você eu realmente me sinto confortável ao risco.

E de lembrança deixei minhas palavras ausentes para você. Acredito que ainda as tenha.

Thatiane.oc

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