quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aos amantes.



- Ó, olha aquela trilha de luzes que aponta para uma única brilhante.
- Vejo.
- Tem seu nome..

A grama usada de colchão, para os amantes noturnos, era molhada pelo sereno que vinha da serra. No meio daquela cidade caótica, um pouco de sussego só era encontrado longe, perto das planíces choronas da madrugada. Não sabiam nada de astrologia, mas inventavam os nomes e constelações, entre risos, carinhos e qualquer coisa que poderia surgir durante a estadia daqueles dois corpos.

- Isso é mentira !
- O mundo é nosso, e eu invento o nome que quiser.
- Tá, então.. vê aquelas três estrelas juntas ?
- Vejo...
- Tem seu nome.
- Assim já é apelar, aquelas são as Marias..
- O mundo não é nosso ?!

Sim, o mundo era deles, dos amantes, os nomes lhes pertenciam, como as estrelas. Parecia que o tempo também acabara de se render às ordens de tais almas. Aliás, as galáxias seguiam os dedos amorosos que passeavam pelos corpos arrepiados, pelo vento que soprava na nudez de peles. Não se importavam, o calor respeitava suas ordens.

- E a bola gigante e brilhante ?
- Nossa.
- Como a gente pode chamar ?!
- Não sei..
- Posso chamar de minha ?
- Só se me chamar de sua.
- Minha.
- Sua.

Dos amantes.

Pri Fierro (tributo aos amantes perdidos por aí)

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