domingo, 13 de maio de 2012

Conversas do acaso

"...O acaso é tão verdadeiro ! Imagine, as chance de estarmos vivos agora, nesse segundo, são as menores chances do mundo, comparadas ao tanto de coisas e circunstâncias que podem nos matar. As chances de algo totalmente inesperado acontecer é muito maior do que a de você estar viva ! O acaso é lindo..."

O acaso é lindo... também.

Pri Fierro

Prece.




Fiquei olhando para as letras como se não tivessem sentido algum, mas que se fazia por necessário parte de um início que me ajudaria. Fiquei por instantes controlando as lágrimas, procurando palavras e, nada veio! O coração tremia, os olhos tinham um piscar eterno, os dedos se entrelaçavam entre os outros, quando não apenas se aqueciam com gesto de desespero entre eles. E nada veio até a mim. 

Acento, concordância, crase, vírgula, letras, palavras... e só o que me vinha eram pausas. 
Um dia eu estou aqui parada, vivendo pausas. Em outro eu sempre quero viver. É, viver. Nossa, como tem sido difícil.

- Tem alguém ai? 
- Não, não tem.
- Então quem é você? 
- A sua pausa. O que não te deixa seguir. 
- Acho que foi um engano.
- Sim, eu vivo te enganando. 
- Tchau. 
- Entre a despedida e amor existe uma pausa, cuide disso. Tchau. 

Tampei os olhos como uma criança e desatei a chorar. O que é isso que está dentro de mim? É o acaso ou o trágico? 
Caramba, eu só preciso me organizar aqui ou ir embora por um tempo. Se eu for embora terei que me despedir de todo mundo, até mesmo dos que fazem todo o meu sentido de ser o que sou. Preciso ir embora. Ou que eu não vá, mas tenha alguém que me puxe e me faça viver direito. Cansei de cuidar de todo mundo. E viver sempre neste dilema. Como uma roda-viva. Acho que não dá mais. 

Faço a minha primeira prece do ano: 

Moço ou moça.. você que está ai, e que olha por mim,
peço que eu consiga me organizar, estou lutando para isso, tentando.
Um dia a pausa me consome, e no outro eu estou aqui, pedindo (acreditando).
Marquei tudo o que tenho que fazer. São metas! 
Vamos fazer um trato? 
Até o final do ano eu as farei, e você guardará algo de especial para me entregar.
Pode ser aos poucos, não tem problema. 
O difícil é que eu só saberei se fizemos um trato ou não,
quando eu tiver feito a minha parte.
Como não tenho escolha, vou fazer a minha e esperar pela sua.. 
Melhor isso do que viver só esperando de mim. 
Boa noite, amém. 



Thati.oc 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pequenina.

"Saltar no abismo da alma, despencar lá do topo do seu ser e planar, planar no branco, negro, azul, vermelho, laranja, amarelo, lilás, cor de rosa que a vida te oferece. Que o mundo te monta. Que as pessoas te agregam.

Saltar alto ! Fora. Se arrancar do corpo despedaçado e montá-lo em forma de montanha russa, com altos picos de loucura e sensibilidade. Curvas de amores plenos, sem escolhas de direções e aconchegos. Baixas por debaixo da terra crua, feito cobertura fria de bolo, que cobre toda a história e pessoa que envolve aquele corpo.

Voar por cima de si e pensar: que pequenino tudo se vê desde aqui..."

Pri Fierro (escrevendo no balanço dos transportes públicos)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pedaço de conversas

"Como se pudesse acordar no total equilíbrio de alma e corpo para logo, na hora do almoço, decair-se toda para um extremo do seu mundo. Planeta virando de ponta cabeça ! Desequilíbrio total em horas de existência !"

Ser humano e querer pular pra fora de seu corpo.

Pri Fierro

terça-feira, 1 de maio de 2012

E a vida acontece.

As coisas faziam mais sentido quando degustadas com um pouco de álcool. Era o que sempre pensava quando, só, se sentava no bar em frente ao seu apartamento pacato, naquela metrópole agitada que controlava os batimentos de seu coração.
A rejeição, amarga e grossa, como um líquido viscoso e nojento, descia por sua garganta com a ajuda da cachaça barata, seguida de um copo de cerveja que acalmava a ardência antes provocada. Não entendia porque a cabeça fazia aquela pressão, enquanto o coração dormia tranquilo e os pulmões respiravam perfeitamente bem, ainda que jogados de lado, como dois trapinhos velhos que já não servem pra mais nada que limpar chãos.
Rejeição inventada, martelava a cabeça dura que insistia em repetir pra ela mesma que nada de errado havia feito: razão, confusão, queria mesmo acreditar naquilo tudo, mas não entendia aonde errava naquela história de carinhos .. afinal, dessa vez eram mesmo apenas carinhos. Não havia sentimentos profundos envolvidos, apenas carinhos, carinhos de carências da vida onde, ás vezes, é bom compartir sem ter que se entregar até os ovários.
O ser humano sempre complicando mais do que deveria. E isso valia para ela, apenas ela e seu segundo copo de cana, que dividia aquela noite fria, aquele bar, aquela mesa e aquela cadeira de madeira tão antiga. O coração não tava partido, mas a rejeição mexia com coisas bem mais profundas e desonhecidas para ela, tão segura de si aos que olhavam ! Tão conhecedora daquela sua alma peregrina, que vagava assombrando lares e pessoas.
Mil histórias acabava inventando, acreditando, tragando, se perguntando como o interesse pelos seres humanos pra ela não acabavam com um piscar de olhos !
Mas não chorava, não ia chorar a morte de um defunto que ainda vivia dentro dela. Nem choro, nem vela, nem fita amarela.
Desce mais uma que a vida é uma festa.

Pri Fierro