quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Das cartas imaginárias e pedaços de textos encontrados.

"...não combino com a cabine trancada, com apenas um telefone público, um número e uma ficha, que acabei me trancando sem perceber.

não combino com a sobrexposição de meus ossos, vísceras, carne e sangue, que insisto em cuspir no mundo. nos olhos dos outros. ejacular em boca alheia. vomitar na sarjeta.

não combino com a prisão em que me tornei, desde o momento em que me vi perdida entre mim e o mundo lá fora .. que foi aumentando, aumentando, aumentando em uma proporção que me agonizou ! mas, logo, diminuiu com uma velocidade que me sufocou.

que me sufoca.

parece que sempre são as mesmas caras.

parece que sempre são os mesmos sentimentos.

tudo parece falso aos olhos de quem vejo.

e os cacos que serviam para me agregar, hoje, me espetam em um vodoo sádico, cheio de confusões sentimentais que, entenda; não combinam comigo.."

- encontrei esse texto jogado em minhas coisas: "mais um momento meu", pensei em seguida ao drama que pairava em minha cabeça no momento em que decidi limpar minhas coisas - escrever esse texto.
engraçado, você está nele também.
você, ele, ela, os outros, umas tantas outras, esses, aqueles e eu; claro, eu mais que tudo estou nele.
o texto é sobre mim, afinal das contas. sobre como eu me sinto com essa intrusa que sou, desde um tempo atrás: "difícil"[...]
-
[...]ontem ouvi umas poucas coisas, dessas que me deram vontade de questionar. não o fiz. já não tem sentido. hoje vi outras tantas, de muitas partes, umas eu questionei por ter a abertura de fazê-lo - outras seguem guardadas aqui - e essas outras, como aquela outra que ouvi, são destinados a você.
é engraçado, ouvi de outra coisas que eu nunca imaginei ouvir de você. pelo menos, não como eu imaginava que as coisas poderiam ter sido, foram, são. mas é isso, imagino demais, creio.
agora tem ela, não aquela, ela. ela mesma. a quem corro chorando quando quem me magoa é aquela - ou você - ou ele - ou qualquer outra coisa do mundo.
ela tem o colo quente, do calor que faz por lá aonde está. me seca as lágrimas sem dizer palavra. me cuida sem se cansar; pelo menos, não parece se cansar tanto pra mim - por mim.
isso é grande.
me pergunto, então, porque divido dentro de mim uma grandeza assim com essa sua pequeneza aparente ? afinal, não significo merda para a sua vida.
ou para a dela, por mais que ela diga que sim.
menos para dele, que tem elas mil ao seu lado.
aliás, não significo merda para muita gente que anda por aí e, sabe ? isso não me incomoda. então, me pergunto, por que me incomoda não significar pra vocês ?
-
Sinto menos, é verdade. mas sinto bonito e me dói, me dói ainda a saudade de nada que aconteceu, de nada que significou, de nada que tive com ninguém.
Ela ama outra.
Aquela ama ninguém.
Ele ama todas.
Ela ama a mim.

E eu amo a todos, sem saber por quê[...]-

Pri Fierro

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