terça-feira, 31 de maio de 2011

Um minuto entre o vinho.



Sentadas, uma das pessoas que ria na cozinha gelada havia se levantado, a outra permaneceu sentada. Copo de requeijão metade cheio de vinho, pego emprestado de outro alguém, dançando de mão em mão, a pessoa sozinha na cozinha, sozinha na casa.. não, sozinha não, acompanhada. A cachorra e a outra pessoa, duas companhias. Boas companhias. Melhores, naquele momento, não poderia pedir. Não queria, na realidade. Copo de vinho dançante entre as mãos e cabeça longe, enquanto a segunda pessoa, que deixava a cozinha fria mais quente e divertida, não voltava. Cabeça dançante com o vinho longe do copo de requeijão. Cabeça, a cabeça que sempre parecia estar em outro lugar estava alí, presente, presenciando algo que sempre tentou figurar como poderia ser. Nada surpresa, nunca havia conseguido pensar como seria, mas era melhor. Vinho, um gole, sorrisso, outro gole. Tudo era estranhamente bom, quente, cálido, cômodo. Tudo parecia fazer um sentido natural para ela também. Não sabia como agir, era como um copo de requeijão cheio de um vinho caro, que não daria ressacas ruins no dia seguinte - sorte haver uma garrafa de água no quarto - achava que acordaria bem, bastante bem, de fato. Era um novo antigo, era um novo de novo e queria que soubesse a outra pessoa que gostava de ser de novo, e novo.
O vinho encheu a cozinha, o copo parou na mesa, o sorriso no rosto e os passinhos começaram a dar som.
De surpresa verdadeira um beijo - que adorou -, um pulo no peito - que assustou - e a vontade de correr, vontade de não parar de correr e seguir sentindo o beijo inesperado - os esperados e os pedidos -, a vontade de tocar o rosto que lhe parecia bonito - como muita coisa - e começar desejando que fosse uma noite longa o suficiente .. sem desejos de terminar .. logo.

Pri Fierro

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