quinta-feira, 8 de março de 2012

Lhe disseram:


 
"Amor ? Produção artística pura. Dor ? Continuação da própria."
O cara que lhe dizia as tais palavras fumava seu terceiro cigarro em menos de uma hora. Por acaso do destino, era seu terceiro encontro em três semanas. Não era artísta. Não acreditava no amor. Nem na dor. Teve vontade de apagar aquela pequena ponta iluminada em um de seus olhos esverdeados, só pelo prazer sádico de provar que a dor não era mera fragilidade do homem - ela estava presente !
Tanto no corpo, quanto na alma. Como o amor .. que nem mencionou !
O cara havia deixado de impressioná-la assim que tratou de convencê-la que amar/gostar/querer/se apaixonar era, nada mais nada menos, do que falta do que fazer da vida ! Outra vontadinha sádica prazerosa de meter-lhe os dedos na jugular, com força, um só golpe, até que perdesse o ar !
Então, o cara pensava mesmo que ela preferia sofrer por gostar do que trabalhar ?!
Cara de indignação permanente, era sua única expressão.
E ele falava, e ela bebia...

Bebia toda a produção artística entalada na sua própria jugular.
Pri Fierro

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