quarta-feira, 27 de abril de 2011

Encontros e desencontros



O que foi separado vai se juntar, o que foi dito será visto. Um dia. Talvez ontem, hoje ou amanhã.
Não deixar que o tempo o consuma. Luta invencível (?)

São tantos encontros em desencontros. Mas não adiantou. Aquele dia ela acordou e sabia que era seu dia de sorte... Era algum dia com o número sete, seu número favorito.
Levantou-se, e lembrou o que deveria ser feito, e foi se preparar.  Lavou seu rosto de uma maneira a de quem procurava uma mudança, lavou o diversas vezes, até que se olhou e viu que nada mudou. Voltou ao seu quarto e procurou a roupa mais simples que pudera achar... pegou aquela camiseta xadrez e a colocou sobre sua blusa branca com uma calça jeans desbotada. Não quis comer, estava muito nervosa, tentava enganar a todos, mas não conseguiu. Abriu a porta de sua casa e entrou no mundo, estava tudo escuro, mas ela sabia como encontrá-lo. Mesmo sem conseguir enxergar ela sentiu todos os olhos sobre ela, e isso a incomodava. Ela pensou: "-Por que isso? Estou com a roupa mais simples que eu podia encontrar e com um olhar perdido." (Ela não sabia que o mundo estava escuro, pois ela roubava o brilho de cada assim que passava por ela.) 

Então chegou à estação do metrô e pegou seu celular, encontrara uma mensagem que não tinha visto antes. Mas ela cultivava o seu orgulho, por tudo que ele já a fizera sofrer.
(Afinal, se tinha uma coisa que ele conhecia era o EGO, assim chamado por muitos.)

Mas estava lá, na estação do metrô. Não sabia se seguia viagem ou se ligaria para ele. Afinal ele estava a metros de distância dela, mas ele não a havia visto ainda.
O tempo passou... A porta do vagão fechou e ela seguiu viagem. Resolveu assistir um filme, e no momento em que o assistia ela voltava ao seu mundo, mas o pensamento em seu coração persistia. A questão não era mais ignorar, ela lidar com o que não saia de forma alguma dele.
Anos se passaram e ela já havia se apaixonado por outros homens de camiseta xadrez e barba por fazer com olhinhos pequenos, mas nada era como ele. A aquele seu jeito peculiar de se vestir, e que não tinha olhinhos pequenos e nem barba por fazer. Ela queria entender por que o seu coração estava preso a quem ela não pertencia mais. Sua mente já havia o esquecido, mas seu coração não.

Anos se passaram e quando ela voltou a sua cidade natal, foi fazer seu passeio favorito. Andar de metrô sozinha. E então o encontrou sentado no banco, parecia à espera de alguém... a porta do vagão se abrira, mas ela não sabia qual atitude deveria tomar... Foi tudo muito rápido, mas o que pesou mais era a pergunta:
" - Eu ainda significo algo para ele? “(Neste momento o 'toque' do metrô estava a chegar, e ele sorriu de uma maneira como fazia tempos que ela não o via fazendo. Mas não para ela, e sim para outra mulher que se aproximou dele e o beijou.)

A porta se fechou, e ela teve que ir embora.
 (O silêncio persistiu)

Tudo voltara ao início, onde o ontem se tornou presente no amanhã. Seu orgulho e o medo não valeram de nada. E neste instante seu celular tocou, dessa vez não era uma mensagem, era uma ligação de seu noivo para dizer que a data de seu casamento havia acabado de ser marcada na igreja.

Todos tentavam interpretar o que eles sentiam um pelo outro, e nada adiantou, talvez tivessem atrapalhado. Mas o erro maior estava no espaço criado nas palavras soltas pelos dois. Agora foram seguidos caminhos diferentes, e quando chegou a sua outra cidade, ela ligou para ele e continuou com aquela amizade que tanto preservou há anos. Ambos contaram suas novidades. O que nenhum dos dois sabiam era que nos dois lados da linha um estava com o coração apertado e o outro se deixava vencer pelas lágrimas guardadas para que rolassem todas ás vezes que ouvira a sua voz. E sempre que se deixavam se perguntavam: “-E se...?"
Os dois eram melhores amigos, mas guardaram para sempre um dos melhores e maiores segredos que já poderiam ter tido na vida. E que agora ficou guardado em um porta-retrato em seus armários.

Thatiane.oc

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